Goiás digitaliza matrículas e abre espaço para volume recorde no sistema
22 de novembro de 2025 às 07:22
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Política
A corrida por vagas na rede estadual de ensino ganhou força em Goiás. Desde o início de novembro, quando o governo abriu o período de matrículas para o ano letivo de 2026, mais de 301 mil solicitações já foram registradas até o dia 19. O volume expressivo revela não apenas o tamanho da rede, mas também a pressão por organização em um sistema educacional que tenta se modernizar enquanto enfrenta desafios históricos de demanda, infraestrutura e desigualdade.
As matrículas seguem abertas até 1º de dezembro, e todo o processo é feito exclusivamente pela internet. O modelo digital, que já havia sido testado em anos anteriores, agora está consolidado como regra, uma mudança que facilita a vida de boa parte das famílias, mas ainda esbarra na realidade de regiões onde o acesso à internet é limitado. Para tentar equilibrar esse jogo, todas as escolas estaduais funcionam como pontos de apoio, oferecendo auxílio para quem não consegue realizar o cadastro sozinho.
O governo disponibiliza praticamente todo o cardápio da educação básica: Ensino Fundamental Regular, EJA, Ensino Médio Regular, Médio Profissional com curso técnico e o Médio GoiásTec, modalidade mediada por tecnologia. No discurso oficial, a oferta plural representa o esforço de ampliar trajetórias formativas; na prática, é também uma tentativa de conter a evasão que pressiona a rede, especialmente no Ensino Médio.
Como funciona o processo
Para solicitar a matrícula, o estudante ou o responsável precisa seguir um ritual digital que começa no site oficial: https://matricula.go.gov.br
. É lá que o governo concentrou o formulário de inscrição, numa plataforma que pede atenção redobrada aos dados inseridos.
Entre as informações obrigatórias estão CPF, data de nascimento, endereço, nomes dos pais, sexo, cor ou raça, além de três opções de escolas, listadas por prioridade. A escolha deve ser feita com cuidado, porque a alocação considera fatores como proximidade e disponibilidade de vagas.
Uma novidade que costuma gerar dúvida é o registro dos tamanhos do uniforme, etapa que antecede a escolha da modalidade de ensino. As peças são confeccionadas exatamente conforme o formulário, sem possibilidade de alteração após o encerramento do prazo, e a Secretaria orienta que os responsáveis consultem a tabela oficial antes de concluir o pedido.
Depois de informar série, turno, tipo de mediação e jornada, o sistema apresenta um resumo final. É o último momento para corrigir eventuais equívocos antes de clicar em “Finalizar” e receber o comprovante por e-mail.
E depois?
O calendário prevê uma segunda fase obrigatória. Entre 15 e 19 de dezembro, os estudantes maiores de idade ou os responsáveis devem retornar ao site para conferir em qual escola o aluno foi alocado. A matrícula só se torna válida após a ida presencial à unidade escolhida, etapa que transforma o pedido digital em vaga efetivamente garantida.
Até 1º de dezembro também seguem abertos dois outros procedimentos importantes para a rede: a renovação de matrícula para alunos que continuarão na mesma escola e os pedidos de transferência.
Uma rede gigante que tenta se reorganizar
O volume de solicitações registrado até agora indica que o governo deve ultrapassar a marca habitual de matrículas e renovações da rede, que atende mais de 500 mil estudantes. A digitalização busca dar eficiência ao processo, mas, como tudo no serviço público, será na ponta, nas escolas e nos pontos de apoio, que o sistema mostrará se está preparado para o aumento da demanda.
Até lá, o desafio está colocado: garantir que os 301 mil pedidos já enviados, e os muitos outros que virão até dezembro, não se percam no labirinto burocrático e tecnológico que separa o formulário online da sala de aula.
Domingos Ketelbey
É repórter, colunista e apresentador. Conecta os bastidores do poder, cultura e cotidiano na cobertura jornalística
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