Foto: Ton Molina/STF

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PF vê plano de fuga em curso e relata violação da tornozeleira de Bolsonaro

PF vê plano de fuga em curso e relata violação da tornozeleira de Bolsonaro

PF registrou violação da tornozeleira às 0h08 e alertou Moraes para risco real de fuga

22 de novembro de 2025 às 09:49

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Política

A Polícia Federal identificou, na madrugada deste sábado (22), indícios concretos de que Jair Bolsonaro (PL) preparava uma tentativa de fuga horas antes de ter a prisão preventiva decretada pelo ministro Alexandre de Moraes. A corporação registrou a violação da tornozeleira eletrônica do ex-presidente às 0h08 e alertou o Supremo Tribunal Federal (STF) para a “alta possibilidade” de que ele escapasse do país ou buscasse refúgio diplomático em embaixadas próximas à sua residência em Brasília.

O relatório da Diretoria de Inteligência da PF afirma que Bolsonaro poderia se valer da confusão provocada pela convocação de uma “vigília” feita por seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), marcada para as 19h no entorno do condomínio Solar de Brasília 2, onde o ex-presidente cumpria prisão domiciliar. A corporação considerou o ato um movimento coordenado para tumultuar a vigilância policial e criar condições para uma fuga.

Segundo a PF, a convocação reproduz o mesmo “modus operandi” empregado no fim de 2022, durante as manifestações golpistas que antecederam os ataques de 8 de janeiro de 2023. No vídeo divulgado ontem, Flávio Bolsonaro exalta a mobilização e convoca apoiadores a “lutar pelo país”, reforçando a narrativa de perseguição e deslegitimando o STF. O texto foi interpretado como tentativa de insuflar a base radical e inviabilizar medidas judiciais.

Além da violação da tornozeleira, a corporação alertou que a casa de Bolsonaro fica a cerca de 15 minutos da Embaixada dos Estados Unidos, distância considerada crítica diante de informações já apuradas de que o ex-presidente teria avaliado solicitar refúgio diplomático em ao menos duas representações estrangeiras. A PF também mencionou o plano RAFE-LAFE, estratégia militar de retirada usada por extremistas ligados ao grupo investigado, e lembrou que outros condenados, como Alexandre Ramagem e a ex-deputada federal Carla Zambelli, já deixaram o país para evitar a execução da pena.

Em sua decisão, Moraes afirma que a mobilização convocada por Flávio Bolsonaro buscava “reeditar acampamentos golpistas” e criar um ambiente capaz de obstruir a ação das autoridades. O ministro destaca que o tumulto aumentaria o risco de fuga e colocaria em perigo moradores, policiais e o próprio ex-presidente. Para o relator, os fatos revelam uma “organização criminosa em ação” e configuram ameaça real à ordem pública.

Diante dos novos elementos, Moraes converteu a prisão domiciliar em prisão preventiva, determinou o recolhimento imediato de Bolsonaro à Superintendência da Polícia Federal e cancelou todas as autorizações de visita anteriormente concedidas. A audiência de custódia foi marcada para este domingo (23), às 12h.

A Procuradoria-Geral da República, em manifestação enviada ao ministro, afirmou não se opor ao pedido da PF e reconheceu a gravidade dos fatos.

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Domingos Ketelbey

É repórter, colunista e apresentador. Conecta os bastidores do poder, cultura e cotidiano na cobertura jornalística

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