Mabel durante coletiva em que saiu em defesa da taxa do lixo (Foto: Domingos Ketelbey)

Mabel durante coletiva em que saiu em defesa da taxa do lixo (Foto: Domingos Ketelbey)

Mabel durante coletiva em que saiu em defesa da taxa do lixo (Foto: Domingos Ketelbey)

Mabel durante coletiva em que saiu em defesa da taxa do lixo (Foto: Domingos Ketelbey)

Mabel durante coletiva em que saiu em defesa da taxa do lixo (Foto: Domingos Ketelbey)

Mabel durante coletiva em que saiu em defesa da taxa do lixo (Foto: Domingos Ketelbey)

Mabel durante coletiva em que saiu em defesa da taxa do lixo (Foto: Domingos Ketelbey)

Mabel durante coletiva em que saiu em defesa da taxa do lixo (Foto: Domingos Ketelbey)

O dia que não terminou

Mabel ficou sem líder, levou revés no plenário e viu oposição ocupar espaço

30 de agosto de 2025 às 00:07

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Política

A sexta-feira, 29, não terminou para o prefeito Sandro Mabel (União Brasil). Pelo contrário: abriu uma sequência de desdobramentos que vão ecoar nos próximos dias na já desgastada relação entre o Paço Municipal e a Câmara de Goiânia.

Talvez tenha sido o dia mais emblemático da relação entre os poderes, desde que o chefe do executivo assumiu há menos de nove meses em um roteiro que mistura desgaste político, racha na base e ameaça de ingovernabilidade.

De manhã, anunciou a destituição de Igor Franco (MDB) da liderança do governo. O agora ex-líder não saiu em silêncio: acusou o Paço de perseguição, falou em retaliação e prometeu que não será calado. Embora não tenha formalizado rompimento, adotou um discurso mais próximo da oposição.

No horário do almoço, Mabel convocou uma coletiva para tratar de um ingrediente indigesto: o lixo. O chefe do executivo criticou a movimentação da Câmara em torno da derrubada da impopular Taxa de Limpeza Urbana, instituída no apagar das luzes da gestão do ex-prefeito Rogério Cruz (SD).

Mabel ameaçou vetar a revogação, aprovada em primeira votação nesta quinta-feira (28), e disse que vereadores poderão responder por improbidade administrativa se insistirem em derrubar a cobrança. Tentou justificar que a taxa é uma exigência do Marco Legal do Saneamento, mas não conseguiu disfarçar o tamanho do revés.

O placar de 20 a 13, com apenas treze vereadores alinhados ao Paço, é um alerta vermelho. Uma base bem menor que vinte parlamentares não garante governabilidade em Goiânia. Mabel preferiu minimizar, o que considerou um “teste” do plenário e viu no resultado uma reação que mais tem a ver com a CEI da LimpaGyn do que a própria votação. 

Enquanto isso, os vereadores avançaram em outro front: a composição da CEI da LimpaGyn. O Bloco Brilha Goiânia, cujo nome remete ao bilionário programa de iluminação pública já alvo de críticas, indicou Aava Santiago (PSDB), uma das principais vozes da oposição, para a titularidade. O colegiado, que já nasce com cheiro de pólvora, promete acuar ainda mais o Executivo.

No balanço do dia, o prefeito se viu encurralado por todos os lados. Perdeu um aliado estratégico, colecionou nova derrota em plenário e ainda assistiu à oposição consolidar espaço numa comissão que pode desgastar ainda mais sua imagem. Tentou transmitir serenidade, dizendo que a base “é a mesma” e que terá votos suficientes para governar. Mas, como o placar da Taxa do Lixo mostrou, esse otimismo parece estar mais no discurso do que na realidade.

O dia foi o retrato de um governo que, mesmo em início de mandato, já precisa lidar com fissuras profundas na sua relação com o Legislativo. Um dia que termina com a sensação de que a crise política ainda está longe de acabar.

A sexta-feira de Mabel não terminou porque abriu um ciclo de desdobramentos que vão testar sua capacidade de articulação. A segunda votação da Taxa do Lixo, cujo o prefeito aposta na reversão do resultado, a instalação da CEI e o rearranjo dos blocos vão dizer se o chefe do executivo tem fôlego para reagir ou se o isolamento político será a marca precoce da sua gestão. Uma coisa é certa: quem só tem 13 votos não governa Goiânia.

Domingos Ketelbey

É repórter, colunista e apresentador. Conecta os bastidores do poder, cultura e cotidiano na cobertura jornalística

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