A mobilidade urbana segue sendo tratada como problema técnico quando, na prática, funciona como um dos principais filtros sociais das metrópoles. Quem pode se deslocar, trabalha. Quem não pode, espera. É a partir dessa chave que o deputado estadual Mário Maurici (PT-SP) lança, nesta segunda-feira (8), em São Paulo, o livro Mobilidade e Qualidade de Vida nas Metrópoles: Tarifa Zero, Integração de Modais e Autoridade Metropolitana. O evento ocorre às 18h, na Livraria da Vila, no Jardim Paulista.

Publicada pela Editora Jandaíra, a obra sustenta que o transporte não é apenas um serviço, mas um vetor estruturante das desigualdades urbanas. A tarifa, segundo Maurici, atua como uma barreira silenciosa que separa quem acessa estudo, trabalho, lazer e saúde de quem simplesmente fica pelo caminho. “A cidade não é democrática quando a tarifa determina quem pode estudar, trabalhar, passear com os filhos ou consultar um médico”, afirma o parlamentar no livro.

O autor ancora sua reflexão na experiência brasileira e internacional da tarifa zero, na integração entre modais e na defesa de uma autoridade metropolitana capaz de superar a fragmentação das políticas públicas nas regiões urbanas. A lógica é simples e, por isso mesmo, frequentemente ignorada: sem coordenação entre ônibus, trens, bicicletas e metrôs, a cidade opera contra o próprio cidadão.

O livro também presta homenagem ao engenheiro Lúcio Gregori, formulador da proposta de tarifa zero no país, ainda na gestão de Luiza Erundina na Prefeitura de São Paulo, nos anos 1990. Para Maurici, Gregori deixou mais do que um projeto. “Nos deixou um método de pensar a cidade que parte do óbvio, mas que raramente é adotado: transporte é um direito, não mercadoria. Com mais mobilidade, as pessoas têm acesso a mais oportunidades”, diz.