Escolha do filho como herdeiro político ocorre enquanto Jair Bolsonaro segue preso e fora do jogo eleitoral
6 de dezembro de 2025 às 08:53
·
Política
O senador Flávio Bolsonaro (PL) foi alçado nesta sexta-feira ao posto de herdeiro oficial do projeto político do pai para 2026. Em publicação nas redes sociais, o parlamentar afirmou ter sido escolhido por Jair Bolsonaro como candidato do PL à Presidência da República. “É com grande responsabilidade que confirmo a decisão da maior liderança política e moral do Brasil de me conferir a missão de dar continuidade ao nosso projeto de nação”, escreveu.
A definição acontece há aproximadamente 9 meses antes da campanha oficial e coloca fim a uma especulação sobre o futuro do bolsonarismo nas eleições do ano que vem. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas era cotado, nos bastidores a assumir o posto. O governador Ronaldo Caiado (UB), pré-candidato a presidência da República, também disse que respeita a decisão, mas mantém seu projeto vivo.
Preso por tentativa de golpe de Estado e impedido de disputar eleições após condenações no Supremo Tribunal Federal e no Tribunal Superior Eleitoral, Jair Bolsonaro deixou um vácuo que vinha sendo disputado nos bastidores por aliados e possíveis sucessores. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, chegou a figurar como nome favorito de parte do campo bolsonarista. A escolha por Flávio reorganiza o tabuleiro dentro do PL e consolida a estratégia de manter o protagonismo político dentro da família.
De acordo aliados do senador, a decisão foi amadurecida ao longo de conversas durante o período de prisão de Bolsonaro. Flávio foi designado para representá-lo politicamente nesse intervalo e esteve com o pai na última terça-feira, na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília. A confirmação pública veio poucos dias depois.
O terceiro filho do ex-presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, que também ensaiou uma pré-candidatura ao Planalto, comunicou a aliados que apoia integralmente o irmão. O gesto fecha, ao menos por ora, a principal fissura interna sobre a sucessão do bolsonarismo.
No discurso de lançamento, Flávio apostou em um tom de confronto direto com o governo do presidente Lula, que deve buscar a reeleição em 2026. Em sua mensagem, falou em “dias difíceis”, acusou o governo de abandono social, criticou a política econômica e explorou o discurso de insegurança pública. A retórica repete o manual do bolsonarismo em sua versão mais conhecida.
No comando do PL, Valdemar Costa Neto tratou de encerrar qualquer dúvida interna. Disse que a palavra de Bolsonaro é definitiva e divulgou nota oficial confirmando Flávio como o nome do partido para a disputa. “Bolsonaro falou, está falado”, resumiu.

Domingos Ketelbey
É repórter, colunista e apresentador. Conecta os bastidores do poder, cultura e cotidiano na cobertura jornalística
Continue a leitura






