Pesquisa mostra vice-governador com 39,3% das intenções de voto no momento em que Caiado articula saída para disputar a Presidência
8 de dezembro de 2025 às 17:15
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Política
O vice-governador Daniel Vilela entra em dezembro como protagonista isolado na corrida pelo Palácio das Esmeraldas. Pesquisa do Instituto Paraná Pesquisas divulgada nesta segunda-feira (8) aponta o emedebista na liderança com 39,3% das intenções de voto para o governo de Goiás. O número o coloca quase 15 pontos à frente do ex-governador Marconi Perillo, que aparece em segundo lugar, com 24,4%.
A fotografia do momento revela mais que uma vantagem numérica. Daniel lidera justamente no instante em que seu padrinho político se prepara para deixar o governo. Ronaldo Caiado articula sua saída em abril de 2026 para disputar a presidência da República. O movimento, que ainda caminha no plano nacional, já reorganiza o tabuleiro local. Ao herdar o cargo e, na prática, a máquina, Daniel também herda o protagonismo eleitoral.
Marconi reaparece como o principal adversário, mas em um cenário diferente daquele que o consagrou por quatro mandatos. Com quase 40% de rejeição, o tucano carrega o peso do passado num eleitorado que, ao menos por ora, parece mais inclinado a manter o projeto em curso do que a revisitar antigos ciclos de poder. A distância de 14,9 pontos entre os dois ilustra essa assimetria.
Mais atrás, a deputada federal Adriana Accorsi soma 12,9% das intenções de voto. O senador Wilder Morais aparece com 9,2%, enquanto o vereador Telêmaco Brandão figura de forma residual, com 1,1%. A oposição se fragmenta, enquanto o governismo se organiza em torno de um nome único.
Na pesquisa espontânea, quando o eleitor fala sem ser provocado por nomes, Daniel surge com 9,2% das menções. Empata tecnicamente com o próprio Caiado, que aparece com o mesmo percentual mesmo estando impedido de concorrer. É um dado simbólico. O eleitor transfere ao herdeiro político aquilo que ainda associa ao titular do cargo. Marconi tem 2,8% das citações. Wilder é lembrado por 1,1%. Adriana, por 0,6%. A imensa maioria, 70,2%, ainda não escolheu lado.
O levantamento também escancarou a lógica do voto negativo. Marconi lidera a rejeição, com 39,2%. Adriana vem na sequência, com 24,4%. Wilder soma 13%. Daniel aparece com rejeição de 10,3%. Telêmaco registra 9,7%. Outros 8,6% dizem que poderiam votar em qualquer um. E 16,4% preferem não opinar. Em tradução direta, o vice-governador ainda navega em águas relativamente seguras enquanto os adversários lidam com desgastes mais consolidados.
O mesmo levantamento projetou o cenário para o Senado e revelou que a disputa também gira em torno do campo caiadista. A primeira-dama Gracinha Caiado lidera a corrida com 36,1% das intenções de voto. O deputado federal Gustavo Gayer aparece com 21,1%, seguido de perto pelo senador Vanderlan Cardoso, com 19,7%, e pelo vereador Major Vitor Hugo, com 19%.
Na segunda fila surgem Gustavo Mendanha, com 15,6%; o deputado Zacharias Calil, com 14,3%; o senador Jorge Kajuru, com 13%; Alexandre Baldy, com 12,6%; e Rubens Otoni, com 8,5%. Brancos, nulos ou nenhum somam 6,5%. Outros 5,4% não souberam ou não responderam.
A pesquisa ouviu 1.510 eleitores entre os dias 2 e 5 de dezembro, em 73 municípios goianos. A margem de erro é de 2,6 pontos percentuais. Ainda é cedo para decretar desfechos, mas os números mostram um cenário em construção no qual Daniel Vilela corre com o vento a favor, embalado pela transição de poder no Palácio das Esmeraldas e pela ausência, até aqui, de um adversário capaz de unificar o campo oposicionista.

Domingos Ketelbey
É repórter, colunista e apresentador. Conecta os bastidores do poder, cultura e cotidiano na cobertura jornalística
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