Transporte coletivo em Goiânia (Foto: Jucimar de Sousa)

Transporte coletivo em Goiânia (Foto: Jucimar de Sousa)

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Transporte coletivo em Goiânia (Foto: Jucimar de Sousa)

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Transporte coletivo em Goiânia (Foto: Jucimar de Sousa)

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Transporte coletivo da região metropolitana de Goiânia enfrenta impasse entre avanços e calote das prefeituras

Investimentos somam R$ 1,7 bilhão até 2026, mas dívida de R$ 106 milhões das prefeituras ameaça operação do sistema

14 de setembro de 2025 às 18:09

·

Política

O transporte coletivo da Região Metropolitana de Goiânia vive um paradoxo. De um lado, passa pela maior reformulação em décadas, com obras, renovação de frota e investimentos que somam R$ 1,7 bilhão até 2026. De outro, a engrenagem ameaça travar por falta de dinheiro: as prefeituras acumulam mais de R$ 106 milhões em dívidas com o subsídio que mantém a tarifa congelada em R$ 4,30 desde 2019.

A modernização trouxe ganhos visíveis, como a revitalização de estações e terminais do Eixo Anhanguera e a implantação de tecnologias para reduzir atrasos e superlotação. Mas os avanços ainda não foram suficientes para eliminar a insatisfação dos usuários com a lentidão e a instabilidade do serviço.

A inadimplência municipal pressiona a Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC) e ameaça a manutenção de benefícios tarifários, como a meia tarifa e as linhas alimentadoras. O risco é que o impasse financeiro comprometa a operação justamente no momento em que o sistema tenta reconquistar os passageiros perdidos nos últimos anos.

Enquanto isso, o Governo de Goiás por meio da Secretaria-Geral de Governo (SGG) tenta costurar uma visão de longo prazo com o Plano de Desenvolvimento Urbano Integrado da RMG, elaborado com a Universidade Federal de Goiás.

De acordo com o subsecretário de Políticas para Cidades e Transporte Secretaria-Geral de Governo de Goiás (SGG), Miguel Pricinote, em entrevista exclusiva ao blog Domingos Ketelbey, a proposta busca alinhar o transporte ao crescimento urbano, mas enfrenta um obstáculo: poucos municípios da região têm planos de mobilidade atualizados para acessar recursos e se integrar à rede.

LEIA A ÍNTEGRA DA ENTREVISTA COM O SUBSECRETÁRIO DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA CIDADES E TRANSPORTES DO GOVERNO DE GOIÁS, MIGUEL PRICINOTE:

Domingos Ketelbey: O que mudou no transporte coletivo da Região Metropolitana de Goiânia desde 2022?
Miguel Pricinote: Desde 2022 o sistema passa por uma ampla reformulação com o projeto “Nova RMTC”, parte do programa “Nova Mobilidade”. A proposta é recuperar e requalificar o serviço, que vinha perdendo passageiros e acumulando desgaste. A mudança se apoia em três pilares: priorização do transporte público, gestão inteligente do tráfego e estímulo à mobilidade ativa.

Domingos Ketelbey: E qual é o volume de investimentos previsto nesse processo?
Miguel Pricinote: São cerca de R$ 1,7 bilhão até 2026, envolvendo o Governo de Goiás, as prefeituras e as concessionárias, como Redemob e Metrobus. É o maior ciclo de investimentos da história do sistema.

Domingos Ketelbey: Quais são os principais projetos de infraestrutura em andamento?
Miguel Pricinote: O destaque é o BRT Leste-Oeste, no Eixo Anhanguera, o principal corredor da região. Estamos revitalizando completamente suas estações e terminais. Já concluímos 19 estações e cinco terminais — o do Novo Mundo foi entregue e o do Bíblia será o próximo. São R$ 182 milhões investidos, com conclusão prevista até o fim de 2025.

Domingos Ketelbey: Além do Eixo Anhanguera, há outras frentes?
Miguel Pricinote: Sim. Há renovação da frota, instalação de sistemas de monitoramento, novos pontos de integração e intervenções de acessibilidade. Tudo voltado a melhorar a experiência do usuário e reduzir atrasos e superlotação.

Domingos Ketelbey: O maior problema hoje parece ser o financiamento. Qual é o tamanho da dívida das prefeituras?
Miguel Pricinote: A dívida acumulada já ultrapassa R$ 106 milhões. É um valor muito alto, que compromete a CMTC, responsável por repassar os recursos às empresas operadoras.

Domingos Ketelbey: E quais os efeitos dessa inadimplência no dia a dia do sistema?
Miguel Pricinote: Ela ameaça diretamente a sustentabilidade do serviço. Sem os pagamentos, benefícios como a meia tarifa ficam em risco, e pode até haver suspensão de linhas alimentadoras. A ameaça de greve em junho, embora ligada a salários, refletia esse ambiente de instabilidade.

Domingos Ketelbey: A Região Metropolitana cresceu muito nos últimos anos. Como a SGG enxerga esse avanço e seus impactos na mobilidade?
Miguel Pricinote: A RMG exige planejamento que vá além dos limites municipais. Hoje, a SGG tenta coordenar essa visão, mas enfrenta um gargalo: poucos municípios têm planos de mobilidade atualizados. Isso dificulta acessar recursos federais e limita a expansão ordenada da rede.

Domingos Ketelbey: Como o planejamento está sendo estruturado?
Miguel Pricinote: A base é o Plano de Desenvolvimento Urbano Integrado da RMG (PDUI-RMG), desenvolvido pela SGG com a Universidade Federal de Goiás. Está na fase final e com consulta pública aberta. O plano define diretrizes para o crescimento ordenado da região, integrando transporte, uso do solo e serviços públicos.

Domingos Ketelbey: A ideia é que esse plano dialogue com o transporte?
Miguel Pricinote: Sim. A visão é alinhar o PDUI ao macroprojeto Nova RMTC, que quer integrar os 21 municípios da RMG por meio do transporte público. A solução não passa apenas por ônibus e terminais, mas por gestão urbana e desenvolvimento coordenado da metrópole.

Domingos Ketelbey

É repórter, colunista e apresentador. Conecta os bastidores do poder, cultura e cotidiano na cobertura jornalística

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