Maioria dos goianos ainda não viu notícias sobre pré-candidatos ao Governo em 2026, mostra pesquisa
Levantamento da Grupom mostra que a maioria dos goianos ainda não viu notícias sobre os principais pré-candidatos ao Governo de Goiás
30 de outubro de 2025 às 11:28
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Política
Entre abril e setembro, a Grupom ouviu quase 2,5 mil goianos em 125 municípios e chegou a uma constatação incômoda para quem anda em campanha antecipada: o eleitor não está nem aí. A maioria dos entrevistados afirma não ter visto uma única notícia sobre os principais pré-candidatos ao Governo de Goiás, e o quadro, seis meses depois, permanece praticamente congelado. O dado não é novo, mas é sintomático. A comunicação política em Goiás fala mais do que escuta.
O levantamento mostra Wilder Morais (PL) como o que mais avançou em visibilidade, algo em torno de 14 pontos percentuais a menos no grupo dos que “nunca ouviram falar” dele. Em julho, 67,4% os entrevistados diziam não ter visto notícias sobre ele. Em setembro, o número caiu para 53,8%. É pouco, mas já é alguma coisa.
O ex-governador Marconi Perillo (PSDB) segue como o nome mais conhecido, com o menor índice de desconhecimento (29,9%). Já o vice-governador Daniel Vilela (MDB), fiel ao seu estilo, atravessou o semestre em águas mansas: nem subiu, nem desceu. É a política do piloto automático.

O achado mais curioso, porém, de acordo com a Grupom, vem de Goiânia. A capital, onde se supõe que a política respire pelos poros, é justamente o lugar onde mais gente diz não lembrar de notícia alguma sobre ninguém. Reduto de Daniel Vilela, 72,2% dos entrevistados na capital destacam não ter visto notícias sobre ele. 44,4% não viram nada a respeito de Marconi Perillo e Wilder Morais lidera disparado o índice de desconhecimento neste recorte: 82,4% não ouviram notícias a respeito do bolsonarista.

No interior e no Entorno do Distrito Federal, o eleitor mostra-se mais atento às notícias em relação aos pré-candidatos. A pesquisa também expõe um deslocamento definitivo na forma de se informar: redes sociais e portais de notícia lideram com folga, deixando a televisão em segundo plano e o rádio e os jornais impressos como relíquias de tempos mais calmos. 
Na prática, de acordo com a Groupon, a leitura é a seguinte: o eleitor migrou de vez para o digital, mas isso não significa que esteja mais informado. A velocidade com que se consome conteúdo online é inversamente proporcional à atenção que se dedica a ele.

A um ano da eleição, a conclusão do instituto é a seguinte: ninguém foi realmente notado. A visibilidade segue restrita aos bastidores, aos grupos de WhatsApp e às bolhas políticas que conversam entre si. Os pré-candidatos até tentam ocupar espaço com vídeos, entrevistas e agendas cuidadosamente calculadas, mas o eleitor comum ainda não se deu ao trabalho de reparar. E, convenhamos, talvez esteja certo. A temporada de promessas mal começou.

Domingos Ketelbey
É repórter, colunista e apresentador. Conecta os bastidores do poder, cultura e cotidiano na cobertura jornalística
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