Centro de Goiânia (Foto: Jucimar de Sousa)

Centro de Goiânia (Foto: Jucimar de Sousa)

Centro de Goiânia (Foto: Jucimar de Sousa)

Centro de Goiânia (Foto: Jucimar de Sousa)

Devagar e sempre, a revitalização do Centro de Goiânia segue a conta-gotas

Após duas décadas de planos frustrados, Centraliza segue engavetado e Mabel aposta em ações pontuais para o Centro

21 de agosto de 2025 às 20:15

·

Política

Desde o início dos anos 2000, quando o ex-prefeito Pedro Wilson (PT) ensaiou lançar projetos de recuperação do Centro, a promessa de revitalizar a região é uma pauta que atravessa governos. Vieram depois Iris Rezende (MDB), Paulo Garcia (PT), Iris Rezende (MDB), de novo, e Rogério Cruz (SD), todos com boas intenções mas resultados tímidos. Mais de duas décadas se passaram, e o coração da capital segue marcado por fachadas degradadas, poluição visual, perda de moradores e sensação de falta de segurança.

Rogério Cruz, foi quem mais se aproximou de algo concreto. Sua gestão elaborou o projeto Centraliza, que chegou a tramitar na Câmara, mas não avançou. O tumultuado relacionamento com os vereadores e a falta de articulação política impediram que o texto fosse sancionado.

Quando Sandro Mabel (UB) assumiu, no começo deste ano, pediu de volta diversos projetos parados na Câmara: o Centraliza estava entre eles. Ao que tudo indica, não pretende devolvê-lo, mesmo sob pressão da base aliada. O vereador Lucas Kitão (UB) faz cobranças públicas.

Mabel, contudo, já disse que sua estratégia será executar a proposta de forma “fatiada”, por meio de intervenções pontuais, como a requalificação da Rua do Lazer, a aplicação da lei das fachadas, o fechamento da Rua 8 para atividades culturais e negociações com a Equatorial para enterrar a fiação em ruas estratégicas.

No Legislativo, a vereadora Aava Santiago (PSDB) reforça o debate ao apresentar um projeto que cria o Calçadão da Rua 8, no trecho entre a Avenida Anhanguera e a Rua 4. A proposta dialoga com o programa “Ocupa o Centro” e prevê transformar a via em espaço prioritário para pedestres, ciclistas e manifestações culturais, inspirado em experiências de cidades como Rio de Janeiro e Campo Grande.

De uma forma ou de outra, as medidas atuais seguem a mesma lógica da última década: pequenas ações fragmentadas, sem articulação de um plano robusto e contínuo. Enquanto o poder público se perde entre anúncios e recuos, a degradação corre à frente. Goiânia chega ao centenário do Art Déco tentando conciliar discursos de modernização com a urgência de salvar o pouco que resta de sua identidade original.

Domingos Ketelbey

É repórter, colunista e apresentador. Conecta os bastidores do poder, cultura e cotidiano na cobertura jornalística

Continue a leitura