Imagem oficial da minissérie Emergência Radioativa (Foto: Divulgação/ Netflix)

Imagem oficial da minissérie Emergência Radioativa (Foto: Divulgação/ Netflix)

Imagem oficial da minissérie Emergência Radioativa (Foto: Divulgação/ Netflix)

Imagem oficial da minissérie Emergência Radioativa (Foto: Divulgação/ Netflix)

Imagem oficial da minissérie Emergência Radioativa (Foto: Divulgação/ Netflix)

Imagem oficial da minissérie Emergência Radioativa (Foto: Divulgação/ Netflix)

Imagem oficial da minissérie Emergência Radioativa (Foto: Divulgação/ Netflix)

Imagem oficial da minissérie Emergência Radioativa (Foto: Divulgação/ Netflix)

Netflix ‘apaga’ Goiânia da história do Césio-137

Produção sobre o maior acidente radiológico fora de usinas nucleares ignora a cidade que ainda vive as marcas da tragédia

12 de setembro de 2025 às 17:22

·

Cultura

Enquanto a Netflix prepara a minissérie ‘Emergência Radioativa’ para recontar o maior acidente radiológico da história fora de usinas nucleares, o Conselho Municipal de Cultura de Goiânia acusa a plataforma de tentar reescrever a tragédia longe de onde ela aconteceu. A produção foi gravada principalmente em São Paulo, e não na cidade que viveu o desastre e ainda carrega suas marcas. 

Em carta aberta divulgada nesta semana, o Conselho criticou a ausência de Goiânia como cenário da minissérie e cobrou que a história seja contada com a participação da cidade onde o episódio realmente ocorreu. “Foi aqui, em nossas ruas e casas, que famílias inteiras sofreram, choraram e resistiram”, diz o texto, lembrando que o acidente de 1987 segue vivo na memória coletiva da capital.

Presidente do Conselho, Edson Fernandes explica que o manifesto surgiu mesmo após as gravações da minissérie. “Embora eles já gravaram a minissérie, a gente resolveu fazer esse manifesto para mostrar nossa insatisfação com essa questão, que o césio é uma realidade tão nossa. E por que fazer essa minissérie em São Paulo? Sendo que aqui a gente tem nossas qualidades também artísticas, né? Então foi mais por esse lado, por esse caminho, sabe?”, afirmou ao blog Domingos Ketelbey.

A carta argumenta que a escolha por São Paulo não é apenas um erro simbólico, mas também uma perda concreta. Segundo o Conselho, Goiânia reúne infraestrutura, mão de obra qualificada e locações autênticas para receber uma produção de grande porte. 

Levar as gravações para onde a história realmente aconteceu, afirmam os conselheiros, significaria não só fazer justiça à memória coletiva, mas também movimentar a economia local e fortalecer a cena cultural da cidade. “Contar essa história sem olhar para o lugar onde ela realmente aconteceu é retirar dela a verdade mais profunda: a memória do povo que a viveu”, afirma o documento.

A carta termina em tom de apelo, mas também de crítica à lógica que transforma tragédias em cenários portáteis. O Conselho lembra que o acidente com o Césio-137, classificado pela Agência Internacional de Energia Atômica como o maior do mundo fora de usinas nucleares, deixou marcas que seguem vivas no cotidiano de Goiânia. “A história do Césio-137 é nossa, e precisa ser mostrada ao mundo com a verdade de quem a viveu”, afirma o texto, ao cobrar que a cidade apareça na tela não como lembrança distante, mas como palco real da história.



Domingos Ketelbey

É repórter, colunista e apresentador. Conecta os bastidores do poder, cultura e cotidiano na cobertura jornalística

Continue a leitura

Imagem oficial da minissérie Emergência Radioativa (Foto: Divulgação/ Netflix)