Único cinema de rua de Goiânia foi vandalizado no último final de semana

Único cinema de rua de Goiânia foi vandalizado no último final de semana (Foto: Reprodução)

Único cinema de rua de Goiânia foi vandalizado no último final de semana

Único cinema de rua de Goiânia foi vandalizado no último final de semana (Foto: Reprodução)

Único cinema de rua de Goiânia foi vandalizado no último final de semana

Único cinema de rua de Goiânia foi vandalizado no último final de semana (Foto: Reprodução)

Único cinema de rua de Goiânia foi vandalizado no último final de semana

Único cinema de rua de Goiânia foi vandalizado no último final de semana (Foto: Reprodução)

O desabafo do Cine Ritz e a difícil revitalização do Centro

Vandalismo expõe fragilidades do Centro, mas posicionamento do cinema de rua mira no alvo errado ao culpar o fechamento da Rua 8

2 de setembro de 2025 às 17:46

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Cidades

O vandalismo contra o Cine Ritz no último domingo (31), cinema mais antigo em atividade de Goiânia, reabriu uma ferida que não é de hoje: a degradação do Centro e a sensação de abandono que paira sobre suas ruas. O ataque à fachada do espaço, com vidros quebrados, pichações e cartazes destruídos, gerou um posicionamento duro dos administradores. Eles responsabilizaram diretamente o fechamento da Rua 8 aos fins de semana pelo episódio e falaram em “baderna” e “desrespeito” promovidos pelo poder público.

O tom inflamado pode até traduzir a indignação de quem se vê obrigado a varrer estilhaços antes de abrir as portas. Mas a relação de causa e efeito traçada pela nota não se sustenta. Não foi a interdição da via, promovida pelo projeto Ocupa o Centro, que inaugurou a insegurança ou a degradação urbana. Quem frequenta a região sabe que esses problemas se arrastam há anos e que a ausência de políticas consistentes de revitalização deixou marcas profundas.

A Rua 8, por décadas, perdeu vitalidade. O fechamento ao trânsito é uma tentativa de devolver vida ao espaço, atraindo famílias, crianças e produtores culturais. É verdade que o projeto tem arestas: falta de banheiros em número suficiente, coleta de lixo tardia, segurança intermitente.

Tudo isso precisa ser corrigido para que a ocupação não descambe para desordem. Mas reduzir o debate a uma cruzada contra o trânsito de carros é simplificar um problema que é estrutural.

Autora da lei que organiza o fechamento, a vereadora Aava Santiago (PSDB) tem buscado ampliar o diálogo. Reuniu-se com administradores do Ritz, comerciantes e produtores culturais para discutir ajustes, pedir acesso a imagens de câmeras e propor a criação de uma Patrulha do Centro. Não é pouco em uma cidade acostumada a ver seus espaços históricos sucumbirem à especulação ou ao descaso.

O desafio é equilibrar preservação e renovação. O Cine Ritz é patrimônio simbólico de Goiânia e merece atenção especial. Mas o futuro do Centro não será garantido com o retrovisor preso ao passado e sim com políticas públicas capazes de enfrentar os problemas reais: segurança, limpeza, iluminação, habitação e incentivo cultural.

Se o vandalismo expõe o que há de pior, o esforço de ocupar o Centro com arte e gente de todas as idades indica um caminho possível. A escolha é entre lamentar a cidade que se perde ou construir, com diálogo e serenidade, a cidade que ainda podemos ter.

Domingos Ketelbey

É repórter, colunista e apresentador. Conecta os bastidores do poder, cultura e cotidiano na cobertura jornalística

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