Caiado durante discurso feito na convenção que consagrou a Federação entre UB e PP (Foto: Divulgação)

Caiado durante discurso feito na convenção que consagrou a Federação entre UB e PP (Foto: Divulgação)

Caiado durante discurso feito na convenção que consagrou a Federação entre UB e PP (Foto: Divulgação)

Caiado durante discurso feito na convenção que consagrou a Federação entre UB e PP (Foto: Divulgação)

Caiado e ACM pressionam desembarque, mas União Brasil permanece com cargos no governo Lula

UPb nasce como maior força do Congresso, mas não resolve dilema sobre permanência na base de Lula

20 de agosto de 2025 às 00:55

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Política

A convenção que oficializou a criação da União Progressista (UPb), fusão entre União Brasil e Progressistas, terminou sem a decisão aguardada pelo grupo que defendia o desembarque imediato do governo Lula. A ala ligada ao governador Ronaldo Caiado e ao ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, cobrou posição clara de oposição, mas saiu do evento com a mesma dúvida: o partido continua ocupando três ministérios no Planalto.

Em discurso, Caiado buscou dar o tom. Disse que não é mais possível conviver com a ambiguidade de ser governo e oposição ao mesmo tempo. “Um partido precisa ter lado, rumo e posição clara. Para superar a crise que o país enfrenta, é fundamental lançar candidatura própria, assumir protagonismo e deixar evidente que a solução passa por derrotar Lula nas eleições de 2026”, afirmou, ao lado da primeira-dama Gracinha.

O governador expôs o constrangimento de ter de responder sobre a situação híbrida do partido. “Nós não podemos mais ficar sendo entrevistados e as pessoas perguntam: ‘Você tem ministro na base do governo? Você é do governo ou você é oposição?’ Partido tem que ter lado. O hibridismo dá certo na agricultura, mas não na política”, disse, sob aplausos.

Caiado também atacou diretamente o PT. “Não se enfrenta um adversário de joelhos. De cabeça erguida e sem medo, vamos libertar o Brasil das garras do PT e das facções criminosas”, declarou.

ACM Neto reforçou a cobrança por definição. “Essa coragem nos impõe algo que foi colocado aqui pelo governador do Estado de Goiás, meu distinto amigo Ronaldo Caiado: ela nos impõe assumir um lado, ela nos impõe ter uma posição. O momento de hoje do Brasil não abre espaço para a indecisão. Nós precisamos ter clareza. E, se nós queremos que o nosso lado seja o lado do povo brasileiro, nós temos que ter a consciência de que o nosso lado é o lado contra o PT, é o lado contra o governo que aí está.”

Rueda sinaliza a 2026

O presidente do União Brasil, Antônio Rueda, exaltou a força da nova federação, que soma 110 deputados, 15 senadores, sete governadores e mais de mil prefeituras. Ele destacou que o agrupamento terá acesso aos maiores fundos partidário e eleitoral do país e será decisivo em 2026. “Imaginem o impacto disso nas eleições de 2026: seremos imbatíveis”, disse.

Rueda fez ainda uma menção indireta à pré-candidatura de Caiado, ao citar o governador nominalmente em seu discurso. “Essa nossa união será a melhor saída para o Brasil. Levem essa energia para as ruas. Para as urnas, Caiado, em 2026. Até dezembro, eu e você, meu amigo, vamos dividir essa liderança com transparência e compromisso.”

Federação gigante, dilema interno

Apesar dos discursos, a convenção não resolveu a principal divisão. O União Brasil segue no governo, com Celso Sabino no Ministério do Turismo e outras duas pastas indicadas pelo senador Davi Alcolumbre. A UPb nasce como a maior força partidária do Congresso, mas não conseguiu selar a ruptura com Lula.

O resultado foi frustração para a ala de Caiado, que saiu da convenção maior em números, mas ainda sem a posição política clara que o governador cobrou do palco.



Domingos Ketelbey

É repórter, colunista e apresentador. Conecta os bastidores do poder, cultura e cotidiano na cobertura jornalística

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