AtlasIntel mostra eleitorado goiano dividido
Levantamento mostra polarização entre MDB e PL, enquanto PT e PSDB correm por fora na disputa estadual
26 de setembro de 2025 às 22:34
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Política
A pesquisa Atlas/Intel publicada nesta sexta-feira (26) deixou claro que a sucessão estadual em Goiás deve se organizar em torno de dois polos. De um lado, o vice-governador Daniel Vilela (MDB), herdeiro político do governador Ronaldo Caiado (UB), aparece em todos os cenários acima de 40% das intenções de voto. Do outro, o bolsonarismo, ainda sem um rosto definido: o senador Wilder (PL) Morais surge como candidato natural, mas o deputado federal Gustavo Gayer (PL), quando incluído, alcança 25,4%. Curiosamente, nesse desenho o tucano Marconi Perillo (PSDB) não foi testado. Sabe-se lá por quê.
A deputada federal Adriana Accorsi (PT) aparece competitiva nos dois cenários simulados. No primeiro, empata tecnicamente com Marconi e Wilder. No segundo, surge apenas três pontos atrás de Gayer, que insiste em concorrer ao Senado e não ao governo. A petista diz que buscará a reeleição à Câmara, mas seu nome não deixa de ser lembrado para a disputa. Se topar o desafio, terá de enfrentar um obstáculo conhecido: a maior rejeição entre todos os cotados.
Nos bastidores do PT, a explicação é pragmática: quanto mais sobe, mais rejeição acumula. Faz parte do jogo, dizem dirigentes. Mas o antipetismo ainda é uma pedra no caminho, sobretudo em Goiás, terreno historicamente mais simpático ao conservadorismo e onde o eleitor ainda abraça o bolsonarismo com carinho.
Marconi, por sua vez, convive com uma suposta narrativa de rejeição, de acordo com aliados. Marcelo Vitorino, seu estrategista, considera natural que a máquina governista tente consolidar essa imagem negativa. Outros preferem chamar de manipulação.
O senador Vanderlan Cardoso (PSD), nas eleições de 2024, quando concorreu pela terceira vez ao cargo de prefeito, chegou a dizer em uma entrevista concedida a mim para o Mais Goiás que existiam pesquisas para todos “os gostos e bolsos”.
Terminou em quinto lugar, à frente apenas do ex-prefeito Rogério Cruz (SD), que liderou uma rejeição histórica e do professor Pantaleão (UP), que sempre correu por fora. O episódio serve como aviso de que narrativa, sem lastro em votos, não garante sobrevivência.
O retrato do Atlas, portanto, aponta para um segundo turno, caso haja, entre o candidato ungido por Caiado e o representante de Bolsonaro. Claro, é sempre bom lembrar: falta um ano para a eleição. Há tempo para tropeços, viradas inesperadas, como ocorreu em 1998, e até zebras históricas. Ainda assim, as pesquisas ajudam a desenhar o tabuleiro. Em Goiás, onde já se sepultaram candidaturas tidas como imbatíveis, sobra espaço para surpresas. À conferir.

Domingos Ketelbey
É repórter, colunista e apresentador. Conecta os bastidores do poder, cultura e cotidiano na cobertura jornalística
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