PIB do agro e turismo em jogo: GO-461 ganha asfalto com R$ 96 milhões do Fundeinfra

O Sudoeste Goiano recebe nesta sexta-feira (26) mais um capítulo da política de infraestrutura bancada pelo agronegócio. Em Doverlândia, o Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária em Goiás (Ifag) lança as obras de pavimentação da GO-461, rodovia estratégica que há décadas divide a região entre o atraso da poeira e a promessa do desenvolvimento.

O investimento chega a R$ 96 milhões, dinheiro do Fundeinfra, o fundo formado pela contribuição obrigatória dos produtores, apelidado de “Taxa do Agro”. A conta fica no campo, mas o discurso dos organizadores aponta dividendos para todos. O trecho de 52,35 quilômetros ligando os entroncamentos da GO-194 e da GO-221 deve ampliar em 120% o valor bruto da produção agropecuária local, segundo estudo do próprio Ifag.

Política e cálculo eleitoral

O ato tem peso político que vai além do asfalto. Estarão presentes o vice-governador Daniel Vilela (MDB), o presidente da Faeg, José Mário Schreiner (MDB). Se o primeiro vai assumir o cargo de governador a partir de abril de 2026 e concorrerá a reeleição, o segundo está de olho em acompanhá-lo na empreitada como seu vice. Este blog já mostrou que lideranças da base caidaista já tratam o produtor rural como “próximo vice-governador”.

Claro, também estarão presentes prefeitos da região. A pavimentação serve como vitrine da parceria entre governo e agro, simbolizada pelo Termo de Cooperação assinado com o Ifag para tocar sete trechos em seis rodovias. É também um recado para os produtores: o imposto do setor volta em forma de estrada.

Schreiner não economiza otimismo. “Teremos um acréscimo de 120% no VBP, dos atuais R$ 663 milhões para R$ 1,459 bilhão”, projeta. O presidente do Ifag, Armando Rollemberg, reforça com números: cada real investido na GO-461 deve render 7,37 reais em renda bruta.

Poeira, boi e caminhão

Na prática, a expectativa do Ifag é que a rodovia asfaltada deva dobrar a capacidade de escoamento da produção, dos atuais 560 mil para mais de 1,1 milhão de toneladas. Hoje, 13,5 mil caminhões pesados chacoalham pelo leito de terra da GO-461. Com o asfalto, o tráfego poderá triplicar, chegando a 38,8 mil veículos, muitos carregados de animais para abate.

O horizonte não se limita ao agronegócio. A região abriga parte da Chapada das Emas, com o fenômeno raro da bioluminescência, e o Domo de Araguainha, maior cratera de meteoro da América do Sul, tombado como patrimônio geológico mundial. Cachoeiras, sítios arqueológicos e cânions completam o cardápio de atrações que podem ganhar impulso com a chegada da rodovia.