Atos contra PEC da Blindagem romperam bolha e dominaram redes, avalia analista de dados

As manifestações de domingo (21) contra projetos de anistia aos envolvidos no 8 de janeiro e a chamada PEC da Blindagem tiveram uma característica importante no debate digital: romperam a bolha da polarização. É o que mostra análise do cientista de dados Pedro Barciela, que comparou o desempenho do engajamento nas redes sociais em relação aos atos do 7 de Setembro, convocados por Jair Bolsonaro.

De acordo com Barciela em publicação no X (antigo Twitter), 11% das interações do dia 21 vieram de perfis não-polarizados, enquanto no 7 de Setembro esse índice não chegou a 1%. Além disso, o cluster antibolsonarista deteve 71% das interações, contra 50% do bolsonarismo em sua própria manifestação. “A pauta da PEC da Blindagem atingiu usuários para além da polarização, enquanto a defesa da anistia em nenhum momento ultrapassou esse limite”, avaliou.

O cientista de dados destacou que quem convocou e liderou o ato foi também quem dominou a narrativa nas redes e não a imprensa ou o bolsonarismo. No 7 de Setembro, parte importante do debate girou em torno da presença de bandeiras dos EUA, da cobertura jornalística e das comparações com mobilizações anteriores.

Já no 21 de setembro, a oposição manteve o controle do início ao fim, seja pela defesa da soberania nacional (bandeira do Brasil), pelas críticas ao Congresso (PEC da Blindagem) ou pelo mote “sem anistia”.

Mesmo diante de ataques de bolsonaristas, que questionaram artistas, acusaram uso de inteligência artificial nas imagens ou partiram para críticas identitárias, 72% das manifestações nas redes foram em defesa dos atos. Para Barciela, dois elementos saltam aos olhos: a percepção de capilaridade das manifestações e a ideia de que a disputa de 2026 já começou. “Na comparação com o 7 de setembro, o resultado não é apenas quantitativamente favorável ao antibolsonarismo, mas principalmente qualitativamente”, concluiu.