Valério Luiz prepara movimento interno no PT e não descarta disputar o Senado

Em Goiás, há quem evite o debate político como quem foge de uma briga de rua. O medo de perder espaço, de desagradar o eleitorado conservador ou de ser carimbado como “de esquerda” ainda cala muita gente. O advogado Valério Luiz de Oliveira Filho parece ser exceção à regra e faz questão de ser.

Mais do que sua atuação jurídica em causas progressistas, Valério tem ganhado notoriedade ao participar de programas de rádio, televisão e internet, onde encara políticos conservadores e bolsonaristas em discussões diretas, quase sempre acaloradas. É ali, nesse campo minado da retórica, que ele defende o que chama de debate de defesa radicalizada, um confronto de ideias sem concessões que busca reposicionar a esquerda no espaço público.

“Dizem que Goiás é conservador, mas também ninguém contesta. Se você não coloca novas ideias na mesa, elas nunca vão circular”, costuma repetir. O raciocínio ajuda a entender por que parte da militância petista vê em Valério um nome capaz de furar a própria bolha e, quem sabe, representar o partido em uma disputa majoritária ao Senado Federal em 2026.

A possibilidade ainda está em fase embrionária, mas o advogado admite que existe um trabalho de convencimento interno em curso dentro do PT e da federação com PV e PCdoB. “O Senado é uma campanha majoritária. Precisa de engajamento, de empolgação, de consenso dentro da federação. Tudo tem que ser conversado com calma e de forma democrática”, disse em entrevista ao Blog.

A fala revela não apenas uma ambição política, mas um diagnóstico sobre a paralisia estratégica da esquerda goiana, que nos últimos anos tem preferido o conforto da retaguarda à dureza do front. A última candidatura ao Senado da federação foi a de Denise Carvalho, do PCdoB, em 2022, discreta e sem grande estrutura. Valério defende que, se o partido quiser disputar corações e mentes, precisará voltar a falar alto. Por enquanto, o advogado segue nos estúdios, enfrentando adversários ideológicos e levantando bandeiras que muitos preferem deixar dobradas. Pode até não ser o caminho mais fácil, mas em um estado onde o silêncio vale mais que a palavra, a coragem ainda é o mais raro dos capitais políticos.