Polícia Civil do Marajó investiga suspeita de tráfico de crianças em três municípios da região; militar estava com arma, roupas de bebê e certidões de nascimento
3 de dezembro de 2025 às 14:08
·
Exclusivo
Um policial militar de Goiás foi preso no Pará sob suspeita de tentar comprar recém-nascidos no arquipélago do Marajó. A detenção ocorreu nesta segunda-feira (2), no município de Portel, depois que a Polícia Civil recebeu denúncias de que um casal estaria oferecendo quantias em dinheiro a moradores para intermediar a entrega de crianças. O militar estava acompanhado de uma mulher, que também foi detida.
De acordo com o boletim de ocorrência, ao qual o blog teve acesso, o casal havia passado antes por Melgaço, onde já teria tentado realizar negociação semelhante, e seguia para Portel com o mesmo objetivo. A Polícia Civil monitorou a movimentação e flagrou o momento em que os dois verbalizaram a oferta de pagamento pela suposta compra de um bebê. A partir daí, receberam voz de prisão.
O militar afirmou pertencer à Polícia Militar de Goiás no ato da abordagem. De acordo com o Portal da Transparência, consultado pelo blog, o suspeito integra a corporação desde fevereiro de 1995, ocupa o posto de primeiro-sargento e permanece na ativa. A prisão contou com apoio da Polícia Militar de Portel, chamada para reforçar o atendimento.
Durante a revista, os policiais apreenderam uma arma de fogo com o militar, que afirmou ter "esquecido de avisar que estava armado". Segundo o registro, ele também ignorou reiteradas ordens dos agentes para manter as mãos erguidas e ficar de costas durante o procedimento.
Além da arma e das munições, a Polícia Civil encontrou uma mala com roupas de recém-nascido, fraldas descartáveis, mamadeiras e três aparelhos celulares. Em um dos telefones havia certidões de nascimento de bebês de outros estados, o que levou os investigadores a ampliar o escopo do inquérito.
A Polícia Civil apura se o material tem relação com possíveis tentativas anteriores ou com outras vítimas. O casal estava acompanhado de uma criança de aproximadamente oito anos, filha da mulher, que foi encaminhada ao Conselho Tutelar de Portel.
Delegados da região do Marajó informaram no boletim que novas denúncias começaram a surgir após a prisão, incluindo relatos de moradores de Cachoeira do Arari, que afirmam ter sido procurados pelo mesmo casal com propostas de compra de recém-nascidos.
"A Polícia Civil ainda reúne informações sobre o caso, com a oitiva de testemunhas, já que vêm surgindo denúncias de que o casal tentou efetuar compra de recém-nascidos em Cachoeira do Arari, Melgaço e Portel", destaca um trecho do documento.
As autoridades do Pará agora investigam se o caso envolve apenas o casal ou se há uma rede organizada de aliciamento de famílias vulneráveis. A Polícia Civil também avalia se vai representar pela prisão preventiva dos suspeitos.
A reportagem solicitou posicionamento à Polícia Militar de Goiás, à Secretaria de Segurança Pública do Estado e à Polícia Civil do Pará. As respostas ainda não haviam sido enviadas até a última atualização desta matéria.

Domingos Ketelbey
É repórter, colunista e apresentador. Conecta os bastidores do poder, cultura e cotidiano na cobertura jornalística
Continue a leitura







