MP processa frigorífico bolsonarista que exibiu cartaz anti-petista em Goiânia

O balcão do Frigorífico Goiás já não vende apenas carne. Vende polêmica, provocações políticas e um enredo que mistura picanha e ideologia como se fossem cortes inseparáveis. O último capítulo veio com um cartaz estampado na vitrine: “Petista aqui não é bem-vindo”. O cartaz ficou exposto por algumas horas e retirada em seguida, mas foi o suficiente para render manchete em jornais e virar caso na Justiça.

O Ministério Público de Goiás ingressou com ação civil pública contra a casa, pedindo uma indenização de R$ 300 mil por dano moral coletivo. O promotor Élvio Vicente da Silva lembrou o básico: discriminar consumidor por convicção política é tão inconstitucional quanto fazê-lo por religião ou cor de pele. O Código de Defesa do Consumidor também não deixa dúvida: ninguém pode ser barrado no balcão por causa de seu voto.

Nas redes sociais, Leandro da Nóbrega, o dono do frigorífico já utiliza esse expediente do marketing há tempos. O promotor de Justiça, Élvio Vicente da Silva, autor da ação, destaca que o empresário no dia 7 de setembro publicou que ‘não atendia petista’. Em outra postagem, comparou o tamanho de camarão ao “cérebro de petista”.

Também pelas redes, Leandro reagiu e não titubeou.Tentou ainda jogar com semântica, como se o “não é bem-vindo” fosse menos ofensivo que o “proibido”. Mas, para quem procura atendimento, a diferença é só retórica: continua sendo exclusão.

O “marketing bolsonarista” é presente nas redes do Frigorífico Goiás. O estabelecimento já lançou promoções de picanha a R$ 17 ou R$ 22 para coincidir com os números de partidos de Bolsonaro, embalou cortes com fotos de Donald Trump e até transformou Gusttavo Lima em “presidente de embalagem”. O empresário descobriu na polarização um filão mais rentável que o contrafilé.