Enquanto Bolsonaro é julgado, Caiado insiste em anistia e lança críticas ao STF

No mesmo dia em que Jair Bolsonaro começou a ser julgado por tentativa de golpe de Estado, Ronaldo Caiado decidiu sair em defesa do bolsonarismo, mas à sua maneira. Em agenda em Belo Horizonte nesta terça-feira (2), o governador de Goiás e pré-candidato ao Planalto prometeu, caso eleito, conceder "anistia ampla, geral e irrestrita" a todos os envolvidos nos ataques de 8 de janeiro.

A declaração foi feita durante entrevista coletiva na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. A declaração é um aceno direto à base bolsonarista órfã de líder com viabilidade jurídica e, ao mesmo tempo, é um reforço para a centro-direita: há vida eleitoral antagonista a Lula que não dependa necessariamente da sobrevivência judicial de Bolsonaro.

É o Caiado de sempre, mas calibrado para 2026. Enquanto o Supremo Tribunal Federal iniciava o julgamento de oito réus, incluindo o ex-presidente, Caiado criticava a condução do processo e sugeria que as ações contra Bolsonaro fossem analisadas pelo plenário da Corte, e não por uma de suas turmas.

A crítica é jurídica na forma, mas política na essência. O goiano, experiente no jogo institucional, sabe que a anistia é um tema fiel à balança para o eleitorado bolsonarista e será importante na pauta eleitoral rumo à presidência da República, em 2026. Por isso, não é de agora, busca o protagonismo da pauta.

O palanque em Minas, aliás, não foi montado por acaso. Caiado foi recebido com deferência por Romeu Zema, governador do Novo, que também já lançou seu nome para a presidência em 2026. "Prazer muito grande receber o governador Caiado, que está fazendo uma gestão muito bem avaliada em Goiás", disse Zema. Os dois conversaram sobre "o futuro" e prometeram reciprocidade. Jogo jogado.

Com a visita, Caiado também aproveitou para fazer uma prestação de contas no estilo "sou gestor, mas tenho visão de país". Citou a liderança de Goiás no Ideb de 2024, a queda nos homicídios e a menor taxa de pobreza da história do Estado em 2023.  Enquanto Bolsonaro se defende no STF e Zema testa a água com o dedo mindinho, Caiado mergulha com o corpo todo.