Izaura Cardoso cita petista em discurso que reforçou política, causas femininas e autopromoção

Foram pouco mais de 12 minutos de microfone, divididos entre dois discursos em diferentes momentos que bastaram para a ex-primeira-dama de Senador Canedo, Izaura Cardoso, presidente estadual do PSD Mulher e 1ª suplente de senadora, reforçar um roteiro que parece gostar e fazer muito bem: falar sobre causas femininas, pontuar valores conservadores e, no centro de tudo, exaltar a si mesma.

O discurso ocorreu durante o encontro do PSD Mulher, realizado nesta terça-feira (12) para empossar novas presidentes municipais do partido em Goiás. O evento teve o tema “Quando mulheres entram na política, todas avançam”, além da presença da ex-senadora Ana Amélia Lemos, o ato pretendia projetar uma mensagem de fortalecimento da participação feminina na política goiana.

Izaura começou tratando da violência contra a mulher, citou a Lei Maria da Penha e elogiou lideranças como Benedita da Silva, petista histórica. O gesto não deixou de chamar atenção haja vista o alinhamento passado de Cardoso com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em seguida, citou prefeitas e dirigentes municipais como exemplos de competência e superação.

A segunda parte do discurso foi um inventário da rotina feminina. Falou das jornadas múltiplas, da sobrecarga doméstica, da maternidade e da “terceira jornada” na política ao lado do marido. Na metáfora que mais lhe agradou, comparou os filhos a flechas lançadas para a sociedade, responsabilidade que, na sua visão, não deve ser terceirizada a creches, babás ou avós.

Entre essas passagens, não faltaram referências a perseguições, ataques e sacrifícios pessoais até se tornar “representativa” em Goiás, ainda que não existam registros policialescos contra a empresária. É uma narrativa que ela parece dominar e repete com gosto, transformando o palanque em espelho. 

Ao convocar novas filiadas e pregar unidade entre mulheres de diferentes partidos, soou inclusiva, mas com a ressalva implícita de que a porta continuará sob sua supervisão. No saldo final, Izaura defendeu causas legítimas e acenou para a unidade feminina, mas reafirmou, com a segurança de quem não teme disputar holofote, que sua maior bandeira continua sendo o próprio protagonismo.