IA já faz parte da rotina de 48% das empresas goianas
Setores de contabilidade e estética lideram adesão
3 de outubro de 2025 às 10:59
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Economia
Quase metade das empresas de Goiás já incorporou a inteligência artificial (IA) ao cotidiano. O dado, revelado pelo relatório Tendências, da consultoria Ecossistema Great People & GPTW, mostra que 48% das organizações goianas utilizam algum tipo de solução digital baseada em IA. O número coloca o estado à frente de polos tradicionais como Paraná (47%), Alagoas (45%) e Sergipe (45%). Goiás se projeta, assim, como protagonista da transformação tecnológica no país.
A pesquisa aponta que setores como contabilidade (80%) e estética e beleza (75%) lideram a adoção, seguidos de seguros (67%), jurídico (62%) e agências de mídia (62%). A tendência já não se limita ao discurso futurista: está entranhada na rotina de empresas grandes e pequenas.
O vice-governador Daniel Vilela (MDB) interpreta os números como reflexo direto da política estadual de incentivo ao setor produtivo. “Damos as condições para que empresas e universidades inovem, gerem empregos qualificados e façam de Goiás uma referência nacional em desenvolvimento tecnológico”, afirma.
Daniel ressalta que o estado não é apenas consumidor, mas também produtor de soluções. “Temos empresas locais desenvolvendo ferramentas de impacto real na vida das pessoas”, diz, lembrando a missão oficial que liderou em maio à Estônia, Finlândia e Singapura, países de ponta em digitalização e inteligência artificial.
O secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação, José Frederico Lyra Netto, vai na mesma linha. Para ele, Goiás “está no caminho certo para se consolidar como o polo de IA no Brasil”. Entre os símbolos desse avanço estão a criação do primeiro Centro de Excelência em IA e a primeira graduação na área do país, além da aprovação pioneira de uma lei de fomento à tecnologia.
Dois programas ilustram a estratégia: o Epicentro da Inteligência Artificial e o Akcit Camp, ambos em parceria com a UFG. Com R$ 2 milhões de recursos estaduais, o Epicentro vai selecionar dez startups, oferecendo financiamento, mentorias e acesso a laboratórios de ponta. Já o Akcit Camp, voltado a desenvolvedores e empreendedores, prevê prêmios de até R$ 12 mil e a criação de um banco de talentos estadual para conectar especialistas ao mercado.
O avanço não está restrito às estatísticas. A Rápido Araguaia, por exemplo, aplica IA para monitorar o consumo de combustível, prever falhas mecânicas e até desenvolver um copiloto de manutenção que auxilia mecânicos em reparos. “Essas soluções reduzem custos e aumentam a eficiência”, explica o head de IA da empresa, Alex Silva.
Multinacionais também enxergam potencial no estado. A NVIDIA, gigante global do setor, mantém parceria com o Ceia-UFG e destaca a relevância da IA para transformar negócios em escala planetária. “Independentemente do ramo, há inúmeros espaços onde ela pode ser aplicada em prol de melhorias”, avalia Márcio Aguiar, diretor da divisão Enterprise para a América Latina.
A parceria com a UFG já resultou na instalação dos primeiros supercomputadores de IA do Brasil, fruto de um investimento de R$ 40 milhões em conjunto com a Embrapii. A estrutura, conhecida como POD (Point of Delivery), utiliza processadores da NVIDIA para treinar modelos complexos e impulsionar pesquisas de ponta.

Domingos Ketelbey
É repórter, colunista e apresentador. Conecta os bastidores do poder, cultura e cotidiano na cobertura jornalística
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