Governo prevê dobrar número de passageiros no transporte coletivo da Grande Goiânia
Presidente da CDTC afirma que curva da demanda tem crescido
1 de outubro de 2025 às 15:48
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Entrevista
O secretário-geral de Governo e presidente da Câmara Deliberativa de Transportes Coletivos (CDTC), Adriano Rocha Lima, esbanja otimismo ao avaliar que o transporte coletivo da Grande Goiânia caminha para uma virada histórica. De acordo com ele, a meta do governo é praticamente dobrar o número de passageiros: dos atuais 15 milhões por mês para até 30 milhões após a conclusão do programa de reestruturação iniciado em 2022. “A curva que vinha caindo já inverteu e está crescendo. Isso é evidência de que a população está percebendo a qualidade do serviço”, afirmou ao blog Domingos Ketelbey.
Adriano explicou que cerca de metade do pacote foi executada até aqui. Foram entregues 600 ônibus novos e todas as estações passaram por revitalização. Nos próximos meses, o foco estará na chegada de mais 800 a 900 veículos, incluindo modelos movidos a biometano e na finalização de terminais considerados estratégicos, como os da Praça A, Dergo, Padre Pelágio e Senador Canedo.
Para o secretário, é nesses pontos de maior fluxo que a percepção do usuário se consolida. “É onde realmente a população percebe a diferença de tudo aquilo que está sendo feito em prol de um transporte de melhor qualidade”, salienta.
Além da ampliação da frota e da entrega de terminais, Adriano destacou o impacto no cotidiano do usuário. A redução do tempo de viagem, a climatização dos veículos, a disponibilização de Wi-Fi e poltronas mais confortáveis fazem parte da estratégia de aumentar a satisfação e reverter a queda no número de passageiros. “Estamos resolvendo 100% dos problemas identificados. É lógico que outros surgirão no futuro, mas estes que existiam já estão sendo atacados com ações específicas”, garantiu.
O secretário também falou sobre a sustentabilidade financeira do sistema, que depende de subsídios compartilhados entre o governo estadual e as prefeituras. Goiânia e Aparecida de Goiânia, segundo ele, já equacionaram suas pendências. Mas Trindade e Goianira ainda não pagaram nenhuma parcela. “Se não funcionarem, quem vai acabar sendo prejudicada é a população dessas cidades, o que nós não queremos de maneira nenhuma”, disse.
LEIA A ENTREVISTA NA ÍNTEGRA DE ADRIANO ROCHA LIMA AO BLOG DOMINGOS KETELBEY
Domingos Ketelbey: A população já sente os avanços da reformulação do transporte coletivo?
Adriano Rocha Lima: Não tenho nenhuma dúvida que ela já está sentindo e vai sentir ainda mais. Veja: tudo que planejamos está sendo executado exatamente dentro do que foi comprometido com a população. Hoje temos pouco mais da metade do programa cumprido. Já entregamos terminais reformados, 600 ônibus novos, todas as estações modernizadas. Por isso eu não tenho dúvida em afirmar que a população não terá do que reclamar do transporte coletivo da região metropolitana. Fizemos pesquisas, identificamos os problemas e implementamos ações específicas para corrigi-los. Os problemas que existiam estão sendo 100% resolvidos.
Domingos Ketelbey: O que ainda falta entregar?
Adriano Rocha Lima: Faltam de 800 a 900 ônibus, além de veículos movidos a biometano. Precisamos concluir os terminais da Praça A, Deco, Padre Pelágio e Senador Canedo. Também vamos implementar novas linhas. Isso tem um impacto enorme porque o ônibus novo, que é exatamente onde a população está, e o terminal, que concentra mais pessoas, são os pontos em que se percebe claramente a mudança.
Domingos Ketelbey: O governo parece apostar que o motorista de carro deixe o veículo na garagem e passe a andar de ônibus. Até quando isso é de fato viável?
Adriano Rocha Lima: É mais do que uma aposta, já estamos vendo isso acontecer com o crescimento do número de passageiros que têm usado o transporte coletivo. O número de passageiros voltou a subir. Antes caía, agora a curva inverteu. Hoje temos cerca de 15 milhões de passageiros por mês. Nossa expectativa é que esse número chegue a 25, 30 milhões quando todo o sistema estiver reformulado.
Domingos Ketelbey: Quando se fala em exemplos bem sucedidos de transporte coletivo, lembramos de Colômbia, que tá relativamente perto, mas de grandes centros europeus, mas o governo fala da reformulação como uma coisa de primeiro mundo. A expectativa é de tornar Goiânia referência na mobilidade urbana?
Adriano Rocha Lima: Isso já está acontecendo. O BNDES esteve aqui, outras capitais também vieram conhecer o modelo. Não é só a reforma física: é a forma como foi feita. Todo o sistema de governança, a reestruturação legal, a engenharia financeira que permitiram viabilizar essas mudanças chamam a atenção.
Domingos Ketelbey: Qual o impacto no dia a dia do passageiro?
Adriano Rocha Lima: No tempo de viagem, que diminui; na quantidade de viagens, que aumenta; e também no conforto dentro do ônibus. Estamos falando de menos aglomeração, veículos climatizados, Wi-Fi, poltronas mais confortáveis. Tudo isso interfere na qualidade da experiência.
Domingos Ketelbey: E quanto ao custo, manter a tarifa a R$ 4,40 com o subsídio tem sido desafiador, haja vista que algumas prefeituras não tem conseguido manter sua participação?
Adriano Rocha Lima: A questão do subsídio está parcialmente resolvida. Já resolvemos a questão de Goiânia e Aparecida. O problema são Trindade e Goianira, que nunca pagaram uma parcela. Goiânia e Aparecida tinham justificativas e o problema foi superado. Agora, essas duas realmente precisam funcionar, porque senão quem será prejudicada é a população dessas cidades, e isso nós não queremos de forma alguma.

Domingos Ketelbey
É repórter, colunista e apresentador. Conecta os bastidores do poder, cultura e cotidiano na cobertura jornalística
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