Com coeficiente de mortalidade maior que o do país, Goiás aposta no Dezembro Vermelho para fortalecer prevenção e testagem
1 de dezembro de 2025 às 11:48
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Sociedade
No Dia Mundial de Luta contra a Aids, celebrado neste 1º de dezembro, o Governo de Goiás tenta colocar luz em um tema que costuma avançar longe dos holofotes: o desafio de diagnosticar cedo, tratar direito e reduzir o estigma que ainda pesa sobre quem vive com HIV. A data, instituída pela OMS em 1988, marca o início do Dezembro Vermelho, campanha nacional dedicada à conscientização, prevenção, testagem e tratamento das infecções sexualmente transmissíveis.
Os números mostram que há trabalho pela frente. Dados do Painel de Indicadores de Saúde apontam que, entre janeiro de 2010 e novembro de 2025, Goiás registrou 21.249 casos de HIV, 10.540 de aids e 4.647 mortes pela síndrome. O coeficiente de mortalidade em 2024 foi de 4,3 por 100 mil habitantes, acima da média nacional de 3,9 registrada no boletim epidemiológico de 2023. Mesmo com testes rápidos disponíveis em toda a rede pública e oferta ampliada de tratamento antirretroviral, o diagnóstico tardio ainda empurra estatísticas para cima.
A Secretaria de Estado da Saúde tenta seguir as metas internacionais da Unaids, conhecidas como 95-95-95: diagnosticar 95% das pessoas que vivem com HIV, garantir que 95% delas estejam em tratamento e fazer com que 95% das tratadas alcancem carga viral indetectável. O objetivo global é simples na teoria e complexo na prática, especialmente em um Estado onde a redução do estigma avança mais devagar que a tecnologia dos medicamentos.
A estratégia adotada passa pela chamada prevenção combinada. O pacote inclui preservativos internos e externos, testagem periódica, acesso à Profilaxia Pré-Exposição (Prep) para quem tem maior chance de exposição ao vírus e à Profilaxia Pós-Exposição (PEP), indicada para situações de risco e que deve ser iniciada em até 72 horas. Tudo gratuito e disponível no SUS.
“O diagnóstico precoce permite iniciar o tratamento rapidamente, garantindo qualidade de vida, interrompendo a cadeia de transmissão e reduzindo de forma expressiva o risco de adoecimento e morte por aids”, explica a coordenadora de Agravos Transmissíveis e IST/Spais, Ana Paula Vieira de Deus. Ela reforça que testar e tratar não é um processo burocrático nem doloroso. “Hoje, testar, tratar e se prevenir é simples, gratuito e sigiloso. Nosso compromisso é ampliar o acesso, acolher sem julgamentos e combater qualquer forma de estigma. HIV não define ninguém. O preconceito, sim, é o verdadeiro inimigo.”
Para marcar o Dezembro Vermelho, a SES programou uma série de ações que incluem reuniões técnicas para profissionais de saúde, atividades educativas abertas ao público e oferta ampliada de testes rápidos em Goiânia e na Região Metropolitana. O exame não exige jejum, é confiável e entrega o resultado em poucos minutos. A programação completa está disponível no endereço: https://goias.gov.br/saude/wp-content/uploads/sites/34/2025/11/programacao-dezembro-vermelho-ses.pdf.

Domingos Ketelbey
É repórter, colunista e apresentador. Conecta os bastidores do poder, cultura e cotidiano na cobertura jornalística
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