Goiânia começa a demolir seus escombros
Sandro Mabel aposta na demolição como símbolo de ordem, enquanto Goiânia segue à espera de novos espaços públicos
29 de setembro de 2025 às 17:38
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Cidades
A paisagem da Praça do Trabalhador passou por uma mudança significativa nesta segunda-feira (29). Onde antes havia um banheiro público em ruínas, agora resta apenas o entulho deixado pela demolição. O espaço, que durante anos funcionou como abrigo para usuários de drogas e esconderijo para pequenos crimes, foi o ponto de partida de uma nova ofensiva da Prefeitura de Goiânia: acabar com construções abandonadas que perderam qualquer função social e passaram a simbolizar o abandono urbano.
O prefeito Sandro Mabel (UB) fez questão de acompanhar pessoalmente a marretada inaugural. Em discurso, falou em devolver a cidade aos “cidadãos de bem” e prometeu levar o mutirão de demolições a outras regiões da capital.
A estratégia é clara: transformar ruínas em terreno limpo, eliminar espaços que hoje servem de foco de violência e tráfico. “Não há como reformar ou recuperar. Vamos eliminar esses focos e devolver a cidade para a população”, disse.
A medida, que tem apoio da Guarda Civil Metropolitana e da Polícia Militar, é tratada pelo comando como uma operação de segurança pública. Gustavo Toledo, comandante da GCM, afirmou que a retirada de estruturas condenadas aumenta a visibilidade e dificulta a ação de criminosos. “Esse banheiro não tinha serventia pública. Ao demolir, eliminamos o esconderijo e devolvemos segurança à sociedade”, explicou.
Há quem veja na iniciativa um gesto simbólico, mais próximo da cena política do que da engenharia urbana. Demolir um prédio abandonado é rápido, rende imagens fortes e um discurso de ordem imediata. Reconstruir o espaço urbano, no entanto, é um trabalho lento e exige projeto. Ao derrubar o banheiro da Praça do Trabalhador, Mabel inaugura também um debate: Goiânia precisa apenas de menos escombros ou de mais espaços públicos que façam sentido para a vida da cidade? À conferir.

Domingos Ketelbey
É repórter, colunista e apresentador. Conecta os bastidores do poder, cultura e cotidiano na cobertura jornalística
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