Em um país de burnout e turnover, Sicoob Engecred colhe frutos da cooperação

No Brasil das metas inalcançáveis e dos ambientes corporativos que transformam o “vestir a camisa” em sinônimo de exaustão, uma cooperativa goiana parece ter encontrado o antídoto. O Sicoob Engecred, que acaba de figurar entre as 175 Melhores Empresas para Trabalhar do país, segundo o Great Place to Work, alcançou a 60ª posição nacional, um feito raro num universo de mais de cinco mil concorrentes.

O resultado não veio de um aplicativo de produtividade nem de uma consultoria milagrosa. Veio do simples, e cada vez mais raro, exercício de tratar gente como gente. “Sermos reconhecidos nesse ranking mostra que o cuidado com as pessoas está no centro da nossa estratégia”, diz o diretor-presidente Fabrício Modesto Cesar, ao resumir uma filosofia de gestão baseada em quatro verbos que parecem ter saído de um manual de cooperativismo e não de um MBA: Acreditar, Praticar, Melhorar e Compartilhar.

A cerimônia em São Paulo poderia ter sido mais uma dessas festas corporativas de autoelogio. Mas para a supervisora Fernanda Barth, que representou a cooperativa, o troféu vai além de um selo na parede. “Esse reconhecimento reflete uma cultura em que o respeito, a escuta ativa e o desenvolvimento caminham lado a lado”, afirmou. Tradução: o bom ambiente de trabalho não se impõe por decreto, constrói-se na rotina, entre uma reunião e um cafezinho.

Em tempos em que empresas trocam vínculos humanos por metas digitais e transformam o bem-estar em discurso de LinkedIn, o caso do Sicoob Engecred soa quase como um ato de resistência. Sua 19ª premiação não celebra apenas números, mas um modo de fazer gestão em que cooperação e confiança ainda valem mais do que qualquer bônus. Talvez esteja aí o verdadeiro segredo de um “great place to work”.