Grandes focos de incêndio que atingiram áreas do Parque Nacional de Brasília em 2024 ilustram os impactos da crise climática no cerrado brasileiro (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Grandes focos de incêndio que atingiram áreas do Parque Nacional de Brasília em 2024 ilustram os impactos da crise climática no cerrado brasileiro (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Grandes focos de incêndio que atingiram áreas do Parque Nacional de Brasília em 2024 ilustram os impactos da crise climática no cerrado brasileiro (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Grandes focos de incêndio que atingiram áreas do Parque Nacional de Brasília em 2024 ilustram os impactos da crise climática no cerrado brasileiro (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Grandes focos de incêndio que atingiram áreas do Parque Nacional de Brasília em 2024 ilustram os impactos da crise climática no cerrado brasileiro (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Grandes focos de incêndio que atingiram áreas do Parque Nacional de Brasília em 2024 ilustram os impactos da crise climática no cerrado brasileiro (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Grandes focos de incêndio que atingiram áreas do Parque Nacional de Brasília em 2024 ilustram os impactos da crise climática no cerrado brasileiro (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Grandes focos de incêndio que atingiram áreas do Parque Nacional de Brasília em 2024 ilustram os impactos da crise climática no cerrado brasileiro (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Domingos Conversa #10: POLÍTICA, COP30, GOIÂNIA EM CRISE CLIMÁTICA E O FUTURO DO CENTRO NA RUA DO LAZER COM KÁTIA MARIA

Domingos Conversa #10: POLÍTICA, COP30, GOIÂNIA EM CRISE CLIMÁTICA E O FUTURO DO CENTRO NA RUA DO LAZER COM KÁTIA MARIA

Vereadora detalha bastidores da COP30, alerta para os efeitos do clima em Goiânia e avalia os rumos da revitalização do Centro

29 de novembro de 2025 às 12:28

·

Domingos Conversa

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Em meio ao movimento da Rua do Lazer, no Centro de Goiânia, a vereadora Kátia Maria recebeu o jornalista Domingos Ketelbey, editor do Blog do DK, para uma conversa que costura COP30, Cerrado, crise climática, Rio Meia Ponte, Marginal Botafogo e a disputa pela revitalização do coração da capital. Claro, não faltou política e os bastidores do PT para as eleições 2026 também estiveram na pauta. O novo episódio do Domingos Conversa já está disponível, a partir deste sábado (29), nas principais plataformas de podcast.

A vereadora faz um balanço da sua participação na COP30, em Belém, e destaca o protagonismo goiano no encontro. “Eu fui a única parlamentar do Estado de Goiás na abertura oficial junto com o presidente Lula. Fui expositora em seis painéis. Fui para mostrar que o Cerrado precisa estar no centro da discussão climática.” Para ela, o bioma é decisivo para a segurança hídrica nacional. “A Amazônia tem notoriedade mundial, mas o Cerrado é a caixa d’água do Brasil. Se o Cerrado morrer, a Amazônia cai junto.”

Kátia também celebrou um marco histórico da conferência: a inclusão do racismo ambiental no texto oficial da COP pela primeira vez em trinta anos. “Demorou trinta anos para esse reconhecimento. A crise climática não atinge todo mundo da mesma forma. Não estamos no mesmo barco. Nem todo mundo tem o mesmo salva-vidas.” Segundo ela, a desigualdade fica evidente diante de eventos extremos. “Quando vem um tornado ou uma enchente, quem sofre é o povo preto, pobre, a juventude, a mulher, o idoso, a criança.”

A petista também relaciona o tema diretamente à capital goiana. “Quase metade dos óbitos de 2024 em Goiânia é de doenças respiratórias e circulatórias. Isso tem relação direta com o clima. Nós ficamos quase um mês respirando ar insalubre.” A vereadora articula um estudo com a Fiocruz para aprofundar essa conexão. “Queremos comprovar que mortes por doenças respiratórias estão atreladas ao clima. Os dados já apontam isso.”

A entrevista avança para os desafios urbanos de Goiânia, especialmente diante dos alagamentos frequentes. Ela apresenta o conceito de Cidade Esponja como alternativa estrutural. “Bacionetes de concreto resolvem a curto prazo. A natureza sempre cobra. A Marginal Botafogo precisa de um projeto que respeite o curso da água.” Kátia alertou para o risco crescente: “Tem mais de cem pontos de alagamento identificados. A cidade está vulnerável. Não adianta brigar com a natureza.”

Da crise climática para o Centro de Goiânia, Kátia relembra como encontrou a Rua do Lazer em 2023. “Tinha 80% das salas para aluguel. Era só porta fechada.” Hoje vê uma virada. “A rua está cheia. Os bares abriram. A cidade voltou pra cá. Cultura e gastronomia são formas de fazer turismo limpo.” O movimento, segundo ela, é consequência direta do projeto Vivo Centro. “O Vivo Centro acontece todo mês. As pessoas voltaram a frequentar e os comerciantes tiveram coragem de investir.”

Mas ela faz críticas à ausência do poder público. “A prefeitura não ajuda os mercados municipais. A associação não dá conta sozinha. A prefeitura precisa fomentar.” Para ela, revitalização exige mais do que a presença de bares. “Falta posto de saúde no Centro. Falta política pública. Queremos qualidade de vida, não só gente morando.”

Kátia também comentou a ação que ameaça mandatos da federação PT, PV e PCdoB em Goiânia. “Não houve fraude. Todas as candidatas foram votadas. Votação baixa não é crime eleitoral. Estou muito confiante no TRE.” Ela critica a condução do caso. “O Ministério Público pediu o arquivamento. O dono da ação retirou o pedido. Mesmo assim, a juíza resolveu seguir.” A vereadora encerra com 2026 no horizonte. “Eu sou pré-candidata a deputada estadual. Vamos trabalhar para ampliar a nossa bancada na Assembleia e montar um palanque forte para o presidente Lula em Goiás.”

O episódio completo já está disponível nas principais plataformas de podcast: Amazon Music, Apple Music, Spotify, Deezer e Youtube. Acompanhe abaixo a transcrição completa.

Transcrição

Domingos Ketelbey: Vereadora Kátia Maria, aqui num podcast um pouco diferente na Rua do Lazer, na casa da Senhora praticamente, né, em frente ao seu escritório.

Muito obrigado por estar participando desse domingo com o Domingos Conversa, um podcast para as plataformas de podcast em todas as redes, vai estar disponível. Obrigado pela disponibilidade do seu tempo aqui nessa tarde, nesse fim de tarde bacana na Rua do Lazer em Goiânia.

Kátia Maria: Eu quero agradecer, né, quero agradecer e quero parabenizar, porque eu acho que a gente precisa de mais instrumentos que cheguem nos lugares que ocupem a cidade. Para nós é uma honra poder te receber aqui na Rua do Lazer, essa que é a rua mais democrática de Goiânia.

A participação na COP 30: balanço e representação de Goiás

Domingos Ketelbey: É interessante, porque essa conversa vai ser sobre a Rua do Lazer, sobre o centro da cidade, sobre Goiânia, mas sobre o Pará também, e Amazonas na COP 30. Se a senhora estava lá, passou por todos os dias dessa COP 30, queria saber qual foi o seu balanço, o que você viu lá, como é que a sua ida lá pode beneficiar Goiânia e o centro da cidade também.

Kátia Maria: Com certeza, tá tudo conectado, né, Domingos?

A crise climática, ela pega a todas as cidades e todas as pessoas, então para mim foi uma honra poder estar em Belém, representando Goiânia, representando a Câmara Municipal. Eu fui a única parlamentar do Estado de Goiás representando aqui o povo goiano na abertura oficial junto com o presidente Lula. Tive a oportunidade de ser expositora em seis painéis, falando do Cerrado, falando do nosso projeto aqui do Vivo Centro, porque isso aqui é movimento da economia. E nós temos a Feira de Brechós, que é uma economia circular com o reaproveitamento, a reutilização. O que é velho da roupa para uma pessoa pode ser novo para outra, então você faz, né, a economia girar através da economia circular.

E nós também tivemos a oportunidade de apresentar lá o nosso projeto do Meaponte, que é o principal manancial de água do Estado de Goiás. Abastece, né, a bacia do Meaponte é responsável por levar água para 40% dos domicílios do Estado de Goiás. E isso é uma responsabilidade grande porque a Amazônia já tem uma notoriedade mundial. As pessoas têm conhecimento e reconhecem inclusive a importância da Amazônia. E o nosso papel na COP ele foi de dizer para a Amazônia continuar de pé. O Cerrado precisa estar vivo, porque o Cerrado é a caixa d'água do Brasil. É o Cerrado que pulsa as irrigações para os vários biomas, inclusive a Amazônia.

Então meu papel lá foi um papel de protagonismo, de mostrar o Cerrado, de entregar a carta pedindo para que a presidência da COP pudesse priorizar o Cerrado assim como a Amazônia no fundo que foi criado para o fundo de florestas, né. Que nós possamos ter a priorização do bioma Cerrado nesse financiamento, porque ele vai ajudar, além de recuperar a nossa vegetação, fazer as adaptações às mudanças climáticas nas cidades.

E isso tem tudo a ver com o que você disse sobre Goiânia. Imagine só o Botafogo, tem mais de 100 pontos de alagamento que a gente tem. Um ponto que eu tenho batido, que precisa ganhar eco, é que no tempo de seca nós estamos perdendo a nossa gente e as pessoas não estão percebendo que é pelas mudanças climáticas. Quando tem uma enchente como está no Sul, quando passa um tornado, né, agora no Paraná, as pessoas se sensibilizam. Nós estamos tendo mais gente morrendo aqui em Goiânia do que no Sul com as enchentes e o tornado, mas as pessoas não estão falando sobre isso.

Nós temos hoje em Goiânia quase 50% dos óbitos de 2024 são referentes a doenças circulatórias e doenças respiratórias. Se nós cruzarmos esse tempo de seca, baixa a umidade do ar. O que é que isso nos mostra? Nos mostra que a mudança do clima está afetando a saúde das pessoas. E quem está no Cerrado pela "zona de calor", pela baixa umidade está sendo impactado e muitas vezes está vindo a óbito.

Então tudo isso nós debatemos na COP. E nós debatemos que nesse um ano que o Brasil ficará na presidência da COP, a gente possa avançar nesse debate. Conseguimos o apoio da Janja e da Marina Silva para que a gente possa dar um protagonismo maior ao Cerrado a partir das mãos das mulheres.

O debate sobre os resultados práticos da COP 30

Domingos Ketelbey: Mas muitas ONGs e algumas autoridades, elas até que dizem que o pós-COP foi importante, não deixa de ser pauta de relevo, mas muito discurso, pouco resultado prático. Você concorda com isso?

Kátia Maria: Não, eu não concordo assim. Primeiro, a gente teve um sentimento muito deturpado dessa baixa autoestima ou às vezes de uma oposição irresponsável querendo desqualificar a COP. E eu, como estou na minha terceira COP, eu disse lá em algumas entrevistas que só pode avaliar a COP no Brasil quem participou de outras COP. Não tem condição de avaliar como foi a COP no Brasil se não participou de nenhuma outra COP.

Eu sei falar do ponto de vista da infraestrutura, que foi exatamente no mesmo patamar, em alguns pontos até mais elevada, e também do ponto de vista do debate. Por exemplo, nós conseguimos quebrar aquela coisa do lateralismo. Conseguimos colocar no texto o multilateralismo das mudanças climáticas. O clima hoje, o vento, não tem barreira, não tem fronteira. Ele chega e vai. A água é a mesma coisa. Então nós precisamos falar do multilateralismo. Nós conseguimos colocar e vencer essa barreira que é histórica dentro da COP.

Nós conseguimos fazer algo que demorou 30 anos, que é os textos da COP reconhecer a importância das pessoas. Você tem que falar, recuperar a mata, recuperar o rio, aumentar o volume de água, mas você precisa falar que as pessoas vivem nesses biomas e como é que elas são cuidadas junto com essa biodiversidade. Nós conseguimos colocar isso.

Veja você, os povos indígenas demoraram 15 anos para serem reconhecidos no texto. Nessa COP, depois de 30 anos, os afrodescendentes foram reconhecidos. Então foi a primeira COP que se reconhece o papel de nós discutirmos o racismo ambiental, porque essa população afrodescendente, em geral, ela é a mais impactada das mudanças climáticas.

O conceito de racismo ambiental

Domingos Ketelbey: O que é o racismo ambiental? Que foi pautado pela primeira vez em 30 anos?

Kátia Maria: Olha, as mudanças climáticas, alguns falam que ela é democrática, porque ela pega a todos. Não é bem assim. A gente não está no mesmo barco, nem todo mundo tem o mesmo salva-vidas. Porque quando vem, por exemplo, um tornado como teve no Sul agora recentemente, na véspera da COP, você pode olhar, as casas mais afetadas foram as casas de menor padrão construtivo. Quem mora nas casas de menor padrão construtivo, na periferia, é o povo preto, pobre, a mulher, a juventude. Quem são os afetados? É o idoso, é a criança.

Então tem uma população mais vulnerável. E dentro dessa população mais vulnerável está a população preta. Então quando você fala que aqui...

Quando o clima está muito seco, está muito quente, tem gente que não sabe o que é isso, porque ela sai de casa no ar-condicionado, ela entra no carro no ar-condicionado, ela chega no trabalho no ar-condicionado e volta para casa do mesmo jeito. Quem sofre? A pessoa pobre lá da periferia preta, que muitas vezes está morando num barracão. Duas, três famílias com a telha que é assim, um forno, né? A céu aberto. E essas pessoas são as mais prejudicadas.

Então quando a gente fala de racismo ambiental é que quando a crise pega, ela pega primeiro as pessoas da periferia e na periferia está o povo negro.

A culinária paraense na COP 30

Domingos Ketelbey: E um episódio que foi emblemático durante essa COP, como resposta sua, um repórter de repercussão nacional criticou o preço das coisas lá na COP, né? A COP estava ruim mesmo para se alimentar?

Kátia Maria: Não, a COP estava excelente. É assim, uma variedade inominável. Eu não dei conta de experimentar o tanto de coisa que eu queria, porque a culinária do Pará é uma culinária muito rica e tinha para todos os gostos. Eu acho que ele foi muito infeliz porque lá tinha, desde o restaurante popular, que você almoçava três tipos de carne, salada, arroz, feijão, um doce e um suco natural com a fruta da região por 40 reais. Você não acha isso nem aqui em Goiânia? Você não acha? São Paulo, jamais. Rio de Janeiro também não.

Ou você poderia ir às vezes escolhendo um à la carte, que eu achei mais caro, 198 reais, mas que é uma opção sua. Que você pode comer uma comida de qualidade mais modesta, complementada por 40 reais, que estava acessível a todas as pessoas. Ou você poderia ir num à la carte... Você experimentou a manisoba? Desgustei. E é bom mesmo. Eu tenho curiosidade de experimentar. É interessante, ela é uma mistura da feijoada cabuchada, porque eles aproveitam tudo. Então o toucinho, a barriguinha, as tripas também. Só que ao invés de colocar feijão, é a folha da mandioca triturada. É um alimento muito nutritivo, é muito forte e é interessante. É um sabor diferenciado. Eles próprios falam isso. Isso não é um prato para comer todo dia. A gente come nas nossas datas especiais. Então é um prato que foi muito recomendado pelo presidente Lula. Que eu experimentei, experimentei tacacá, e um monte de coisa. Eu comi um monte. Ficou muita coisa para trás. Então eu prometi para eles: eu estou indo embora, mas eu prometo voltar, porque eu gostei.

Domingos Ketelbey: Mas você recomenda para um goiano chegar lá?

Kátia Maria: Recomendo.

A culinária do Pará é muito boa, gente. É uma culinária que não perde nada. Por exemplo, a manisoba, eles aproveitam tudo, porque do porco eles pegam tudo e da mandioca também, porque eles não perdem nem a folha. Então eles usam a raiz, eles fazem farinha, fazem o beiju, fazem a goma para fazer o tacacá, e eles utilizam 100% da planta. Então é uma experiência alimentar muito rica.

Goiânia e os desafios das mudanças climáticas

Domingos Ketelbey: Do Pará, da Amazônia, vindo para Goiânia e Goiás. Goiânia está preparada para enfrentar... A gente fala de mudança climática já há muito tempo. Em 2024, teve um período do ano, e coincidiu com a época das eleições, você vai se lembrar de queimadas por semanas.

Kátia Maria: Camundongos respirando ar poluído.

Domingos Ketelbey: O céu vermelho, parece que a gente estava no meio de uma série apocalíptica, né? Sim. Dessas séries ficção científica. Então a gente sempre vê, a gente sempre trata sobre mudança climática. Resultado prático: Goiânia está preparada para essas crises?

Kátia Maria: Goiânia não está preparada e nós estamos vendo isso, né? Eu tenho denunciado na Câmara Municipal. Vejam toda chuva mais forte que tem. A gente tem os pontos de alagamento que são os mesmos, que sempre os mesmos problemas, agravando cada vez mais, como é o caso da Marginal Botafogo. Mas eu estou muito preocupada com esse período de seca, porque me parece que quando as pessoas não veem o impacto físico da coisa, é a enxurrada que derruba o muro, ou que arrasta o carro, que leva a moto, parece que as pessoas não estão ficando sensibilizadas.

E eu estou muito preocupada com o número de pessoas que morreram em Goiânia com a seca, com o clima. Você disse aqui com muita propriedade. Nós ficamos o ano passado, quase um mês respirando um ar completamente insalubre. Era um ar que não era adequado para o ser humano. E isso causou o quê? Causou o aumento da demanda das unidades de saúde. Então discutir as mudanças climáticas hoje é discutir também o nosso Sistema Único de Saúde, que não está preparado para lidar com o tamanho das demandas, seja no tempo de cheia ou seja no tempo de seca.

Nós colocamos uma emenda parlamentar na Fundação Fiocruz, porque nós queremos ter esse dado pesquisado. E isso que eu estou falando é um olhar atencioso meu.

Então eu tenho uma preocupação muito grande com isso. Nós colocamos uma emenda na Fundação Fiocruz, né? Nós queremos que eles possam analisar esses dados, porque os dados por enquanto são observações pessoais minhas. Que sou política, mas também tenho um olhar técnico do alto número de óbitos em Goiânia vindo de doenças circulatórias, doenças respiratórias e doenças cancerígenas. Vamos buscar correlacionar esses fatos, comprovar que mortes por doenças respiratórias estão atreladas ao clima. Ao clima. Nós vamos conseguir. Eu tenho certeza que nós vamos conseguir mostrar isso, porque não é coincidência só. Os elementos que a gente já buscou vai apontar isso. E nós precisamos cuidar.

Quando eu vejo as pessoas querendo desmatar mais Goiânia, quando as pessoas não percebem a importância dos córregos, dos parques, né? Como agora, querendo fazer lá no Parque das Laranjeiras, aumentar a área para estacionamento. Nós precisamos é ter mais áreas verdes. Eu apresentei um projeto de lei que chama Cidade Esponja, que é o conceito de que o jeito mais correto de lidar com as mudanças climáticas é não brigar com a força da natureza. E não brigar com a força da natureza é ter a cidade, mas deixando a natureza fazer seu curso. Então nós precisamos ter áreas permeáveis, áreas que a água da chuva possa filtrar naturalmente.

Esse é o processo de drenagem urbana mais eficiente que nós podemos apresentar, mas a prefeitura precisa se sensibilizar para isso e precisa colocar isso em ação efetiva. Nós precisamos aumentar. Eu disse isso na COP.

Todo mundo fala assim: "Mas Goiânia é a cidade mais arborizada."

A nossa situação, que é a cidade mais arborizada, está ruim com esse tanto de óbito que nós estamos vendo. Você imagina as cidades que não estão nos primeiros lugares do ranking de cidade arborizada. Então não é que a gente está bem, é que a gente está menos pior do que alguns lugares. Mas eu quero que o povo de Goiânia tenha qualidade de verdade. Qualidade ambiental de verdade. Nós precisamos melhorar a presença da vegetação, porque além de dar sustentação para o solo, para manter a água, a vegetação melhora a temperatura, a sensação térmica.

Soluções para a Marginal Botafogo e o conceito de Cidade Esponja

Domingos Ketelbey: Qual é uma solução que a senhora apontaria para a Marginal do Botafogo, que a cada chuva tem sempre um problema?

Kátia Maria: Sim, eu sei que é a sustação, mas o que resolve a Marginal é nós fazermos dela um lugar de Cidade Esponja. O que é que é a Cidade Esponja? É no tempo de seca, nós usamos ela, fluxo comum. Ali precisava ter um alargamento das suas laterais para que a água possa ser filtrada. Quem sabe um calçadão, etc. Precisa desenvolver um projeto. Mas o conceito precisa ser o conceito de Cidade Esponja. E no tempo de chuva, esse lugar já não é um lugar tão propício, porque é o momento que o córrego pede para ser dele o espaço. Então a gente tem que conciliar o interesse da cidade, das pessoas, com o interesse da natureza.

Domingos Ketelbey: Como seria essa prática?

Kátia Maria: Nós temos alguns exemplos que a Cidade Esponja traz. Ele pode ser às vezes um lugar mais elevado que as pessoas transitam sem estar degradando a mata ciliar. Ou ele pode ser nesse contexto, tem um pedaço de mata ciliar, mas tem uma calçada ou tem uma avenida...

Usada porque o volume da água vai elevar. Então você vai fazendo conforme o local. Então ali merecia um estudo que, na minha concepção, é o que o prefeito está falando que quer fazer, né?

Os bacionetes de concreto não vão resolver. Vão resolver a curto prazo. A longo prazo nós vamos ter outro problema, porque vai chegar o momento em que esse volume de água, esses tanques que serão construídos, eles podem ser insuficientes também. Porque a gente chama que o curso da água tem vida. Ele não morre. E cada vez mais nós estamos percebendo isso.

E você olha: Belo Horizonte teve, eu acho que uns cinco anos atrás, onde a cidade foi completamente revirada. Por quê? Porque canalizou todos os córregos e o volume da água aumentou demais. A pressão saiu rasgando tudo que tinha sido canalizado. Então nós temos que ter essa preocupação com Goiânia, porque hoje você ainda dá para interditar. Mas você pode chegar num determinado momento que não dê tempo de interditar e o pior pode acontecer.

Mas nós estamos falando só da Marginal. E os 100 pontos ou mais? Porque a turma da UFG diz que são mais 100 pontos de alagamento. Como é que a gente lida com isso? A BR 87, Parque Amazônia, Setor Sul, Lago das Rosas. Como é que você faz? Lago das Rosas é do lado da Avenida Anguera, que tem um terror, né? Total. Então é muito grave.

Hoje nós tivemos o Congresso Nacional, que não gosta de ser chamado "Congresso inimigo do povo", dando mais uma demonstração. Porque o presidente Lula apresentou um projeto de lei que versa sobre licenciamento. Fizeram várias emendas. O presidente Lula vetou. E hoje eles derrubaram esses vetos. E a derrubada desses vetos significa o agravamento da crise climática no Brasil. E isso tem responsável. É o Centrão, é a extrema direita, são os presidentes da casa que, por conta do presidente Lula não estar deixando eles indicarem o membro do Supremo Tribunal Federal, querem dar uma resposta. A resposta é contra quem? Contra o presidente Lula? Não. É contra o povo, porque é quem vai sofrer o impacto das regras que eles estão flexibilizando.

A questão da indicação do Supremo Tribunal Federal

Domingos Ketelbey: É simples indicar o ministro, né? Se o candidato é presidente da república eleito, de 2026, está aí. Agora não tem mais como, né? Mas se eleito presidente, que você pode indicar o ministro.

Kátia Maria: E assim é simples a gente entender. Se a prerrogativa fosse do Senado, o Senado ia lá falar pro Lula: "Lula, tamo aqui. Indica o ministro. Não estamos deixando você indicar." Ninguém vai querer abrir mão da sua prerrogativa de indicação.

A revitalização da Rua do Lazer: do abandono ao sucesso

Domingos Ketelbey: De fato, de fato. É imaturo. Vereadora, nós estamos aqui na Rua do Lazer, um lugar que a senhora tem muito carinho. Seu escritório político é bem aqui em frente, à nossa. A gravação da nossa entrevista. E eu me recordo que em 2023 eu fiz uma matéria aqui e a gente não via metade. A gente via na realidade...

Kátia Maria: Só porta fechada.

Domingos Ketelbey: Mas da metade dos estabelecimentos aqui eles estavam fechados. E os que estavam abertos estavam com as moscas. O que mudou nesse último ano e meio que aqui o centro está... A Rua do Lazer está viva de novo, né?

Kátia Maria: Mudou muita coisa. Aqui 80% das salas estavam para aluguel. E esse trabalho que a gente fez começou exatamente no dia 24 de maio de 2023 com o projeto Vivo Centro. A gente veio realizando atividades, ações culturais, principalmente na Rua 8, que é abaixo da Avenida Anguera, e os bares.

Tanto a Elatinha, que já está quase 60 anos aqui no centro de Goiânia. Era um gesto de resistência. Depois o libertere. A gente foi incentivando, ajudando a...

Promover atividades nas ruas do centro. Não apenas aqui, mas na Rua 8 de forma mais concentrada. E isso acabou aumentando a participação das pessoas que vieram frequentar. E foi meio...

Que num fluxo crescente. Então consolidou a Rua 8 da Avenida Anguera até a Rua 4. E na medida que a gente fazia atividades aqui na Rua do Lazer, fiz inúmeras atividades aqui desde 2023. O Vivo Centro acontece mensalmente. Então todo mês a gente fazia atividade aqui.

Ele foi ganhando essa perspectiva.

E os donos dos bares tiveram um papel fundamental nisso. Por quê? Porque perceberam o potencial daquilo que estava acontecendo e tiveram...

A coragem de investir. Então hoje a gente tem todas as lojas praticamente ocupadas por bares e restaurantes.

Um fluxo que é um caminho sem volta, na minha concepção.

Nós estamos aqui conversando, mas o lado de lá está montando. Você vê que a rua inteira já está tomada de mesa. E a partir das 18 horas isso aqui fica cheio, repleto de gente.

Mostrando que a cultura, a gastronomia é uma forma...

De fazer turismo de forma limpa, sem impacto ambiental. E que pode agregar valor. Quando a gente fala em mudanças climáticas, a gente está falando do centro da cidade também. A maioria dos centros históricos estão abandonados.

E isso tem um impacto ambiental, porque é muita construção, pouca vegetação, sendo cada vez mais inutilizada. E trazer vida para a Rua do Lazer...

Do centro é garantir a função social. Função social que é o quê? As pessoas ocuparem os espaços.


A expansão do projeto: futuro do centro de Goiânia

Domingos Ketelbey: A gente está realmente num dos espaços do centro, é gigante. E o resto? O que vai ser? O que acontece com o resto do centro?

Kátia Maria: Olha, a gente tem trabalhado. Eu brinco e falo assim: gente, criei uma expectativa muito grande. E os comerciantes falam muito comigo, me abordam. "Cátia, minha rua, aqui, como é que vai ser? O que é mais?" Eu falo que a gente tem que ir por etapas. Eu estou muito convicta disso. Eu sou uma pessoa de resultados. Então a gente começou aqui. Eu estou convencida de que já deu certo. Consolidamos a Rua 8 da Avenida Anguera para baixo. Estamos consolidando na Rua do Lazer, que é da Avenida Anguera até a Rua 3. E eu já enxergo o crescimento dela da Rua 3 até a Rua 2. Então ali já tem um comércio que já pensa: "Será que já está na hora de eu abrir? Cátia, como é que é? Lá não tem sertanejo. Eu vou pôr um sertanejo aqui." Então o pessoal enxergou na gente essa possibilidade de conversar para prospectar o que vai ser...

Domingos Ketelbey: Fazer algo como acontece na Lapa, no Rio de Janeiro, né? Tem ali um baile funk do lado, um rock do outro lado, jazz.

Kátia Maria: É o que está acontecendo aqui. Você tem o que toca rock, mas você tem o que toca o brega, você tem o que toca o samba. Eu tenho o chorinho aqui. Rola de tudo. Então as pessoas já começam a enxergar o crescimento da rua. Nós consolidamos esses pedaços.

Nós temos feito um trabalho também de fortalecimento dos nossos mercados municipais. Tanto o mercado da 74, que já tem uma agenda cultural forte. Não é uma ação da prefeitura. É uma ação da associação do mercado da 74, que mantém ali uma vida cultural forte, que ganhou a adesão das pessoas. O que você coloca é a cultura? As pessoas vão, principalmente se você não precisa pagar para entrar.

E nós estamos trabalhando também para consolidar o Mercado Central aqui da Rua 3. Pode entrar pela Rua 3, pode entrar pela Avenida Anguera. Nós temos um complicador: a prefeitura não ajuda muito. Eles estão atravessando um momento em que agora o prefeito... que é o que? A associação mantém todas as despesas do mercado. E a associação não dá conta de manter todas as despesas do mercado, inclusive a água que a prefeitura pagava. Então o poder público ele precisa ser um fomentador.

A minha concepção do... Se eu, Cátia, com mandato de vereadora, estou conseguindo ajudar a fomentar, tudo isso vocês estão vendo aqui de decoração do Natal. Não é da prefeitura. Foi a ação nossa, do nosso mandato. As pessoas só ficavam falando: "Ah, mas verba de representação." A minha verba de representação, todo mês ela vem para ação popular, que é do centro de Goiânia, que é do Meia Ponte, que às vezes é para população em situação de rua, porque eu reverto isso em ações diretas para a população.

Então se o meu mandato de vereadora consegue ajudar a fomentar a cultura, a fomentar a economia, uma prefeitura tem uma capacidade de fomento muito maior. Então acho que a gente tem que sensibilizar a prefeitura para que ela possa garantir que os dois mercados funcionem a contento. Nós temos o projeto que não é só cultural. Ele pensa a mobilidade urbana, ele pensa a moradia popular. Então essa parte a prefeitura já incorporou um pouco. Quer trazer moradia para o centro de Goiânia. Mas a gente também não quer gentrificação. A gente quer moradia de qualidade. A gente quer que as pessoas tenham acesso às políticas públicas. A gente quer que seja um lugar de qualidade, com segurança, com serviços públicos de saúde, de educação, para a população que vem para o centro.

Hoje nós não temos um posto de saúde no centro. Todo mundo tem que sair daqui e ir para a Vila Nova, que é o mais próximo que tem, ou para Campinas. Então o centro não tem equipamento de saúde. Então nós precisamos pensar os equipamentos públicos, porque não adianta trazer só o morador também e não ter as políticas. Nós não queremos quantidade de gente. Nós queremos qualidade para quem já vive aqui.

A revitalização de bairros vizinhos: Vila Nova e Campinas

Domingos Ketelbey: E o que é feito aqui reverbera em outras regiões. Você já vê moradores de Campinas falando que a revertalização de Campinas, Vila Nova... Tem um mercado também que tenta manter atividades culturais também. Quanto que vai acontecer a revertalização do bairro Vila Nova? Então os bairros adjacentes aqui perto, que estão aqui colados no centro, também já pedem para suas respectivas revertalizations.

Kátia Maria: Com certeza. Essa é uma demanda. Eu brinco às vezes e falo assim: gente, eu não sou a prefeita para ser... Para fazer estudos que vocês estão falando. Eu tinha que ter a caneta. Mas eu tenho a boa vontade de ir atrás. Campinas, a gente já começou um projeto chamado Viva Campinas, que é um pouco do que a gente começou a fazer aqui no centro. A gente fez lá para ganhar corpo também. E é um perfil diferente, porque Campinas perdeu muito a sua população residencial. Hoje ela é praticamente um bairro comercial. Então a gente tem que ter um outro olhar para fazer a revertalização de Campinas. Mas é um bairro que merece, porque é a tradição nossa. É a Campininha das flores. E do mesmo jeito, Vila Nova. Aqui está mais perto. A gente está mais colado com Vila Nova. O mercado de lá carece de uma boa reforma. O bairro é um bairro popular que precisa ser valorizado.

Balanço de 2024 e resultados da atuação política

Domingos Ketelbey: 2024 está acabando. A gente já está ali no Limiar. Essa entrevista está sendo gravada no finalzinho, no dia 27 de novembro. Brevemente, qual foi o balanço de 2024?

Kátia Maria: Eu estou muito satisfeita com o resultado de 2024. Eu fiquei o início do ano muito agoniada porque eu caí, machuquei, rompi o ligamento do joelho. Então para uma pessoa que é de resultado como eu e ficar três, quatro meses assim, meio aqui inviabilizada de fazer algumas ações políticas, eu acho que o nosso saldo foi extremamente positivo.

Você participar da COP como eu participei, fazer a expedição do Meia Ponte como nós fizemos aqui em 2023... A expedição do Meia Ponte tinha 15 instituições parceiras. Esse ano nós tivemos 43 instituições parceiras, mais de 400 voluntários que estão determinados em nos ajudar a recuperar o Rio Meia Ponte. Fazer a execução como nós estamos fazendo... Foi como vereadora que eu coloquei mais emendas no orçamento público. Porque colocar o povo no orçamento, para mim, é uma prioridade. E acompanhar a execução dessas emendas parlamentares, para mim, também é algo de muita responsabilidade.

Eu fui vereadora que colocou recurso nas unidades de saúde. Todos os CAES, todos os CAPES, todas as UPAs têm uma emenda parlamentar minha. Todas as maternidades. Nós fizemos um trabalho de fortalecimento das unidades de saúde. Muitos recursos também para a educação, para a pesquisa das universidades, trabalho de extensão. O trabalho nosso aqui no centro... Aqui eu ando e os comerciantes falam assim: "Vem ver como é que está a filha, né?" Eu viajo. Eu falo assim: "Estava com saudade da filhinha." E eles brincam como se aqui, a Rua do Lazer, fosse uma filha minha. E é real. Ver a Rua do Lazer como eu comecei em 2023 e olhar aqui agora durante essa entrevista e ver esse cenário de ocupação, de qualidade é um...

Acho que a nossa equipe me ajudou muito. E nós conseguimos apresentar ao povo de Goiânia uma representação que foi voz dentro da Câmara. Porque como oposição, a gente foi uma oposição responsável e contundente. Nós conseguimos travar inúmeros debates dentro da casa. Mas não ficou só no debate. As ações propositivas também foram efetivas. Veja só agora, nesses últimos 15 dias, enquanto eu estava na COP, junto com a minha equipe, trabalhando remotamente, nós apresentamos 10 projetos de leis que vão impactar a pauta ambiental de Goiânia. Então nós trabalhamos muito. E eu vejo um resultado que o povo de Goiânia pode enxergar, porque ele chega aqui, ele enxerga. Ele chega no Meia Ponte, ele enxerga. Nossa política para a população em situação de rua está andando. Não é a que a gente queria. A prefeitura precisa abraçar. Nós aumentamos muito o número da população em situação de rua. Precisa ter uma política digna para essa pauta. E nós olhamos assim para trás e falamos: está valendo a pena.

A questão da fraude de gênero e a cassação de mandatos

Domingos Ketelbey: Mas agora pouco, digo, tem algumas semanas, o PT recebeu uma notícia... De uma eventual fraude na cota de gênero da federação que elegeu o senhor vereador Fabio Liste Rosa e o vereador Edvaldo Madureira. Isso está sob judice. Mas o parecer pela cassação não tem que perder esse mandato, não?

Kátia Maria: Não, eu estou muito confiante na justiça. Eu acho que o TRE vai revisar a manifestação da juíza. Porque primeiro, a chapa... Ela foi uma chapa real. Nós estávamos numa federação junto com o PV e o PC do B. O PV é um partido que...

A informação é... um partido muito novo aqui em Goiânia. As lideranças são novas, são lideranças reais que fizeram campanhas junto comigo, junto com Adriana, em vários lugares. Tem muito material que mostra isso. O que existe é que a votação dos candidatos e candidatas no PV foi uma votação pequena. Veja você, os homens que foram candidatos no PV tiveram menos voto do que as mulheres. E votação baixa não configura crime eleitoral. É votação com baixo potencial, mas não configura crime eleitoral. Então o Ministério Público deu parecer pelo arquivamento da ação. O dono da ação, quando o Ministério Público votou pelo arquivamento, retirou a ação. Mas a juíza, sei por qual motivo, ela resolveu seguir.

Domingos Ketelbey: Não foi um caso escabroso? Por exemplo, tem um partido que também está sob ameaça. Deve ter um parecer negativo também daqui a um tempo. Não vou citar para não ter que buscar a resposta depois com ele. Mas a candidata sequer votou nela.

Kátia Maria: Pois é. Não é o caso. Todas as candidatas foram votadas. Tiveram mais voto do que os homens do partido. Fizeram campanhas reais. Tem documentos que provam isso. O Ministério Público reconheceu isso, mandou a arquivação. O dono da ação, quando viu o parecer do Ministério Público, pediu para retirar a ação. E mesmo assim a juíza resolveu tocar. Então nós fizemos o recurso junto ao TRE. Eu estou confiante. E o nosso trabalho... Isso é tão impressionante que outro dia eu cheguei num restaurante. Que a dona, ela é da direita, quase uma bolsonarista. E ela virou para eu falar assim: "Eu estou entendendo esse negócio. Não. Os poucos que estão trabalhando, os mais que estão trabalhando... O povo está querendo tirar? Não pode deixar isso acontecer, não." Então na verdade teve uma repercussão.

As pessoas reconhecem o nosso trabalho, a seriedade. Eu sou uma pessoa que trabalhei pelo fortalecimento das mulheres o tempo inteiro, como presidenta do PT. O PT é o único partido que eu conheço no Brasil. O PT de Goiás é o único partido que eu conheço no Brasil que no mandato passado tinha 30% de vereadoras nas cadeiras. Não foi só 30% de candidatas. Agora nós repetimos isso. Então mostra o meu comprometimento. Nós jamais faríamos uma chapa que fosse para maquiar algum tipo de candidatura.

E como eu disse a você, já tem inúmeras manifestações do Supremo que votação baixa não é fraude eleitoral.

A eleição de vereador e o voto personalista

Domingos Ketelbey: Tenho certeza que está isso da dona de estabelecimento que é de direita, é bolsonarista, tinha o elogio das pessoas. Sua ação mostra que a eleição para vereador, a atuação de vereador é uma atuação que a polarização parece que ainda não penetrou. Parece que as pessoas votam na pessoa em vez do lado político, da ideologia política dela.

Kátia Maria: A eleição de vereador é a eleição mais difícil que eu já participei na minha vida, porque todo lugar que você chega tem um amigo, tem um parente que é candidato. É assim. É o ciclo ali próximo da pessoa. Tem um, tem dois, tem dez. Nós tivemos 800 candidatos em Goiânia. Então a disputa é a disputa mais acirrada. Passar pelo crivo da urna para o Parlamento Municipal, talvez seja o desafio maior de um processo eleitoral. E eu estou muito satisfeita.

Porque como você disse, o balanço...

Em 2020 eu tive 2.023 votos. Em 2024 eu triplicava minha votação. Tive 7.247. E isso em um ano e meio de mandato, porque eu entrei em 2023.

Perspectivas para 2026 e eleições futuras

Kátia Maria: E as entregas que nós estamos fazendo, isso me enche de orgulho. Mas também aumenta minha responsabilidade, porque as pessoas estão acreditando nesse trabalho que nós estamos fazendo. Que é um trabalho que você vê na Rua do Lazer. Você vê no Meia Ponte. Você vê nas unidades de educação. Que você chega nas unidades de saúde, as pessoas falam que aqui tem uma vereadora que colocou a emenda. Quem colocou foi a vereadora Kátia.

Então eu recebo essas notícias em todo lugar. Eu estava no Pará. Estou achando que estou lá escondida. Fui fazer um roteiro de turismo com a Universidade Federal do Pará. Quando, de repente, duas pessoas me abordam. "Kátia, Kátia, Kátia, Kátia." Eu falei: "Oi, tudo bem. Você é o quê?" "Adiante, você me conhece. Conhece o trabalho de Goiânia." Aí cheguei lá no Medianinja. Fui fazer uma participação lá. Quando, de repente, uma pessoa chegou. Eu falei: "Eu estou hospedando duas pessoas de Goiânia lá em casa. Eu falei que eu te conhecia. E eu falei assim: ela está transformando o centro da cidade." Então o negócio chega muito longe. E só chega quem trabalha.

Domingos Ketelbey: As redes sociais ajudaram isso, né? A nacionalizar o trabalho do vereador.

Kátia Maria: Muito, muito.

Domingos Ketelbey: Pois é. Vereadora, obrigado pelo papo. Em 2026 vai ter um encontro com ele em torna-a-torna também?

Kátia Maria: Vai ter, né? Eu disse hoje que quem derrubou o veto que prejudica o meu ambiente poderá ser vetado na urna.

Domingos Ketelbey: Mas a senhora vai? Vai.

Kátia Maria: Eu sou pré-candidata a deputada estadual. Vamos preparar para dar nossa contribuição junto ao partido e buscar ampliar a nossa bancada na Assembleia Legislativa.

Domingos Ketelbey: E o PT vai ter candidato governador aqui em Goiás?

Kátia Maria: Nós ainda estamos discutindo, né? Nós estamos primeiro com a tarefa de fazer uma chapa forte para deputado federal e deputado estadual. Nós queremos eleger três deputados federais, cinco deputados estaduais. É possível a gente alcançar essa meta. Em 2022, quando eu falava que a...

Dois federais, ninguém acreditava. Quando abriu a urna, estava assim: "Você estava certo." Quatro. Que elegeu o terceiro, né? Eu sou boa de conta. Aí deputado estadual foi novo. Me elegi quatro. Faltou setenta e sete votos para eleger o quarto. Se cada candidato que era quarenta e dois tivesse tido mais dois votos cada um, nós teríamos feito quatro deputados estaduais. Então eu estou convencida que com o trabalho que a gente fez de preparação do partido, se a nova gestão mantiver, nós temos condições de eleger três deputados federais, cinco deputados estaduais.

E nós, com essa preparação da chapa, estamos habilitados para discutir um palanque forte para o presidente Lula aqui no estado. Nós não estamos ainda discutindo nomes. Nós queremos discutir com as forças políticas progressistas que compõem aqui esse rol de partidos progressistas do estado de Goiás. Alguns que inclusive estão no governo federal. Para que a gente possa fazer uma frente de partidos progressistas e dentro dessa frente escolher o melhor nome para representar o projeto progressista popular para Goiás e o palanque do presidente Lula.

Encerramento

Domingos Ketelbey: Vereadora, muito obrigado pela boa conversa. Aqui no lugar que acho que até quem não gosta de sair gosta de estar aqui na Rua do Lazer, porque é uma calçadinha legal. É bem assim. Tá fresquinho. Por incrível que pareça, tava um calor do caramba quando a gente começou essa entrevista. Mas agora já está... Melhorando, né? Melhorando um pouco mais de cinco horas da tarde. Muito obrigado, viu.

Kátia Maria: Eu que agradeço. Prazer te receber aqui, viu.

Domingos Ketelbey: Obrigado, obrigado por também nos receber aqui em sua casa. Tá até ventando. Tá até ventando, exatamente. Obrigado. Esse foi o Domingos Conversa. Siga-nos nas redes sociais e nas principais plataformas de podcast. Muito obrigado e até a próxima.

Publicação: Novembro de 2025 Disponível em: TV Capital, Spotify, Apple Podcasts, YouTube, Amazon Music, Deezer

CRÉDITOS

Apresentação e roteiro: Domingos Ketelbey

Edição, mixagem e design gráfico: Lucas Coqueiro

Styling: Tainara Maia

Suporte Técnico: Fabrizzio Ferreira

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Trilha sonora original: Steven F Allen

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Domingos Ketelbey

É repórter, colunista e apresentador. Conecta os bastidores do poder, cultura e cotidiano na cobertura jornalística

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