Francisco Jr, presidente da Codego (Foto: Divulgação)

Francisco Jr, presidente da Codego (Foto: Divulgação)

Francisco Jr, presidente da Codego (Foto: Divulgação)

Francisco Jr, presidente da Codego (Foto: Divulgação)

Codego aposta em segurança jurídica e inovação para destravar distritos industriais

Presidente do órgão, Francisco Jr fala sobre o Dianot, novos programas e desafios para atrair empresas a Goiás

4 de outubro de 2025 às 09:57

·

Entrevista

O Distrito Agroindustrial Norberto Teixeira (Dianot), em Aparecida de Goiânia, saiu do papel após quase duas décadas de espera. Previsto desde 2006, o projeto enfrentou entraves jurídicos, tributários e até mesmo a presença de uma colônia penal na área. Agora, sob a condução da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Goiás (Codego), o empreendimento se torna o primeiro distrito do estado totalmente regularizado e com infraestrutura entregue desde o início.

À frente da Codego desde 2023, o ex-deputado Francisco Jr assumiu a missão de reconstruir a imagem da estatal, marcada por escândalos e sucessivas trocas de comando nos últimos anos. Com aval do governador Ronaldo Caiado, o dirigente aposta em três pilares: segurança jurídica, equidade e transparência para reposicionar a companhia como indutora de desenvolvimento e atrair novos investimentos.

O modelo de licitação adotado no Dianot, segundo Francisco Jr, é inédito: vence não quem oferece mais pelo terreno, mas quem apresenta o melhor projeto em geração de empregos, inovação, urgência de implantação e capacidade de investimento. O preço do metro quadrado pode cair de R$ 260 para menos de R$ 60, com descontos adicionais para pagamento à vista. A meta é garantir competitividade e viabilidade para empresas de diferentes portes.

Além do Dianot, a Codego prepara para 2026 um programa voltado a prefeitos que buscam atrair indústrias para seus municípios. O objetivo é modernizar distritos já existentes, planejar ampliações em cidades estratégicas e apoiar a expansão de novas fronteiras econômicas, como as terras raras. Em entrevista ao Blog Domingos Ketelbey, Francisco Jr detalhou os próximos passos da estatal e avaliou desafios como energia elétrica, mão de obra qualificada e perspectivas políticas.

ABAIXO A ENTREVISTA NA ÍNTEGRA COM FRANCISCO JR, PRESIDENTE DA CODEGO

Domingos Ketelbey: O Distrito Agroindustrial Norberto Teixeira (Dianot), em Aparecida de Goiânia, foi planejado desde 2006 e só agora está saindo do papel. Por que demorou tanto e o que mudou para que ele fosse viabilizado?

Francisco Jr: No lançamento do edital, o governador Ronaldo Caiado disse que estávamos realizando “mais uma obra impossível”. E realmente foi um desafio: havia a questão da colônia penal semiaberta, problemas tributários históricos e entraves documentais. Foi preciso montar uma força-tarefa entre governo estadual, prefeitura, Câmara Municipal e setor produtivo. O resultado é que o Dianot nasce como o primeiro distrito 100% regularizado e com toda a infraestrutura pronta desde o início.

Domingos Ketelbey: O setor produtivo foi ouvido nesse processo?

Francisco Jr: Sim. Fiz questão de ouvir as entidades e os empresários locais. O governador me deu três metas: segurança jurídica, equidade de oportunidades e transparência. A partir disso, criamos um modelo inédito de licitação. Não vence quem paga mais, mas quem apresenta o melhor projeto em termos de geração de empregos, urgência de implantação, inovação e capacidade de investimento. O preço do metro quadrado parte de R$ 260, mas pode cair para menos de R$ 60 dependendo da pontuação. E há ainda desconto adicional para pagamento à vista.

Domingos Ketelbey: Quando as empresas que se habilitarem poderão começar a construir suas fábricas no Dianot?

Francisco Jr: O processo licitatório dura de três a quatro meses. Nossa expectativa é que, a partir de fevereiro de 2026, as empresas já tenham em mãos a CDRU registrada em cartório e estejam aptas a iniciar as obras.

Domingos Ketelbey: O acompanhamento do governo continua depois dessa etapa ou se limita à concessão da área?

Francisco Jr: O apoio direto da Codego está no subsídio do terreno e no processo transparente de seleção. Mas as empresas poderão buscar outros programas estaduais de incentivo. O importante é que criamos um padrão de segurança jurídica e transparência que já está sendo replicado. A prefeitura de Aparecida, por exemplo, decidiu adotar o mesmo modelo em seus distritos municipais.

Domingos Ketelbey: O senhor é o oitavo presidente da Codego em poucos anos. Por que havia tanta troca de comando?

Francisco Jr: A Codego tinha um papel passivo e pouco conhecido. Houve momentos positivos, como a instalação da Mitsubishi, da Perdigão e das farmacêuticas, mas também crises que levaram a estatal às páginas policiais. O governador me pediu para reconstruir a imagem da empresa com foco em governança. Hoje nosso mantra é: segurança jurídica, equidade e transparência.

Domingos Ketelbey: Quando o senhor foi nomeado, Vanderlan Cardoso, presidente do PSD, chegou a criticar dizendo que o partido não era contemplado. A indicação foi um acerto partidário?

Francisco Jr: Não. Minha indicação partiu de Vilmar Rocha, que abriu mão de outro espaço no governo e sugeriu meu nome. O governador aceitou. Não houve negociação direta com o PSD.

Domingos Ketelbey: A Codego ganhou mais estrutura na sua gestão?

Francisco Jr: Nós demos sequência a projetos que já existiam, como o Dayaplan, o Dianot e o Outlet de Jaraguá. A diferença é que buscamos profissionalizar a gestão e recuperar a credibilidade da companhia.

Domingos Ketelbey: Há algo novo que a Codego deve lançar em 2026, mesmo em ano eleitoral?

Francisco Jr: Nosso foco imediato foi entregar o Dayaplan e o Dianot. Agora estamos preparando um programa para apoiar prefeitos na atração de empresas. Muitos pedem distritos, mas o que querem de fato é emprego. Além disso, vamos modernizar distritos já existentes e planejar ampliações, como em Catalão, que hoje perde empresas para Minas Gerais. Também há áreas estratégicas em Posse, Realma e Goiatuba, e a perspectiva das terras raras, que podem abrir uma nova fronteira econômica para Goiás.

Domingos Ketelbey: Goiás tem sido citado em debates internacionais sobre terras raras. Como a Codego participa dessa pauta?

Francisco Jr: Hoje de forma indireta. Essa agenda está mais próxima do governador, mas sabemos que será um tema estratégico e estamos nos preparando para dar suporte quando houver projetos concretos.

Domingos Ketelbey: Há interesse de novas empresas médias e grandes em se instalar no estado?

Francisco Jr: Sempre há. Temos áreas em cidades como Caldas Novas e Goiatuba, mas enfrentamos gargalos, especialmente na questão da energia elétrica.

Domingos Ketelbey: Energia é hoje o principal obstáculo?

Francisco Jr: Sem dúvida. Energia estável e de qualidade é imprescindível para a indústria. Esse é o maior impeditivo. O segundo grande desafio é a qualificação de mão de obra. Por isso estamos dialogando com prefeitos e instituições de ensino para preparar trabalhadores de acordo com as demandas das indústrias.

Domingos Ketelbey: Como tem sido a interlocução com a Equatorial?

Francisco Jr: Estamos em diálogo permanente. O Brasil vive uma transição energética, e Goiás precisa diversificar suas fontes: gás, solar, eólica. Mas esse ainda é um ponto crítico para a expansão industrial.

Domingos Ketelbey: E o seu futuro político? O senhor pretende disputar mandato em 2026?

Francisco Jr: Eu já tive quatro mandatos, mas hoje estou 100% dedicado à Codego. Meu projeto é entregar resultados. Se for deputado estadual, federal ou nenhum cargo, será definido no momento certo. Vaidade de cargo eu não tenho mais. Gosto é de realizar.

Domingos Ketelbey: Isso seria pelo PSD?

Francisco Jr: Essa decisão será discutida no tempo certo. O PSD faz parte da base e vou trabalhar para que continue assim. Mas, repito, meu foco está no projeto de governo, não no cargo.

Image

Domingos Ketelbey

É repórter, colunista e apresentador. Conecta os bastidores do poder, cultura e cotidiano na cobertura jornalística

Continue a leitura

Demolição na Praça do Trabalhador