"Ele devia ter ido num boteco no Pará", diz Lula a chanceler alemão que criticou Belém
Presidente rebate ironia de Friedrich Merz e transforma defesa de Belém em recado político durante a COP30
18 de novembro de 2025 às 18:27
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Política
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recorreu a um humor peculiar para responder ao primeiro-ministro alemão, Friedrich Merz, que havia comparado Belém de maneira depreciativa a Berlim. Durante a inauguração da ponte que liga Xambioá, no Tocantins, a São Geraldo do Araguaia, no Pará, Lula afirmou que Merz desconhece completamente o país que recebeu a missão de sediar a COP30.
“Ele devia ter ido num boteco no Pará. Ele devia ter dançado no Pará. Ele devia ter provado a culinária do Pará. Porque ele ia perceber que Berlim não oferece para ele 10% da qualidade que oferece o estado do Pará, a cidade de Belém”, disse o presidente.
A declaração de Lula foi uma reação à declaração de Merz, feita em 13 de novembro, segundo a qual ninguém de sua equipe teria aceitado permanecer em Belém durante a COP30 porque Berlim seria “muito bonita”. A comparação irritou autoridades brasileiras e soou como desdém às estruturas e ao esforço do país em transformar a conferência climática numa vitrine da Amazônia para o mundo.
Lula aproveitou o palanque para recordar que a escolha de Belém também foi alvo de críticas internas. Houve quem defendesse que a conferência deveria ocorrer no Rio ou em São Paulo e quem citasse o preço do refrigerante como argumento para desqualificar a capital paraense. O presidente rebateu dizendo que nunca ouviu reclamação do preço de uma garrafa de água em qualquer aeroporto internacional. Para ele, falta conhecimento e sobra preconceito quando o assunto é Amazônia.
Ao defender Belém, Lula tentou transformar o episódio em afirmação política e cultural. Ressaltou a culinária, a música, o calor humano e a experiência amazônica que, de acordo com ele, nenhum cartão-postal europeu é capaz de reproduzir.

Domingos Ketelbey
É repórter, colunista e apresentador. Conecta os bastidores do poder, cultura e cotidiano na cobertura jornalística
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