Golpe duplo a Mabel na retomada dos trabalhos da Câmara

A volta do recesso legislativo foi marcada por um dia de desgaste político para o prefeito Sandro Mabel (União Brasil). Em poucas horas, vereadores de Goiânia avançaram com duas pautas que ele tentou evitar: a criação de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para investigar o contrato com o Consórcio Limpa Gyn e o desarquivamento do projeto que revoga a Taxa de Limpeza Pública (TLP), a chamada “Taxa do Lixo”.

O primeiro golpe veio com a leitura, em plenário, do requerimento da CEI, apresentado por Cabo Senna (PRD) com 16 assinaturas, três a mais que o mínimo necessário. O documento teve apoio de nomes da própria base, como o líder do governo, Igor Franco (MDB), e Pedro Azulão Jr. (MDB), que defendeu a investigação.

“Eu sou da base de apoio do prefeito, eu quero contribuir com a Prefeitura. Eu ando na periferia, ando na feira do meu bairro, e sou cobrado, eu preciso dar uma satisfação [aos moradores]”, disse. A comissão terá sete membros e poder para convocar depoimentos e solicitar documentos sobre o contrato de limpeza.

O segundo revés veio com o requerimento aprovado para reabrir a tramitação do projeto de Lucas Vergílio (MDB) que extingue a TLP. O parlamentar critica a cobrança por falta de transparência e pelo mau desempenho da coleta de lixo.

“Temos um contrato milionário com o LimpaGyn e uma taxa de limpeza pública, enquanto vemos nas ruas que nada disso está funcionando”, afirmou. Para seguir adiante, a proposta precisará de estudo de impacto orçamentário, mas Vergílio lembra que, na implantação da taxa, esse levantamento não foi feito.

Os dois movimentos revelam fissuras na base de Mabel e aumentam a pressão sobre o Paço Municipal logo no primeiro dia de sessão após o recesso. Parte dos aliados já demonstra que não está disposta a blindar a gestão a qualquer custo, e o lixo da cidade ameaça virar um problema político de longo alcance.